domingo, 25 de fevereiro de 2018

O poder do Czar se enfraquece e a Rússia caminha para a Revolução

O poder do Czar se enfraquece e a Rússia caminha para a Revolução
A marcha inexorável da Rússia em direção à Revolução Comunista começou em 1904. Dois fatores contribuíram para a queda do regime do Czar: a derrota inesperada na guerra contra o Japão e as decisões políticas desastradas feitas pelo czar desde o começo do século até a vitória da Revolução em 1917.
Mapa mostra principais batalhas da Guerra Russia - Japão
A Guerra entre os Impérios do Japão e da Russia ocorreu entre 1904 e 1905  no nordeste asiático, e a derrota da Rússia permitiu que o regime político do czar Nicolau II da Rússia fosse abalado por uma série de revoltas internas (em 1905), envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no couraçado Potemkin) e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar explodiram em diversas regiões da Rússia. Os líderes socialistas procuraram organizar os trabalhadores, nos quais se debatiam as decisões políticas a serem tomadas.
O Japão era um país de tradições militares, apesar de enfrentar severas crises econômicas. Com navios menores, mas com grande mobilidade e poder de fogo muito superior aos pesados e antigos navios russos, a Marinha japonesa impôs uma derrota humilhante ao inimigo. Esta guerra marcou o reconhecimento do Japão como potência imperialista, pelas diversas nações da Europa, enquanto a derrota russa, por sua vez, patenteou a fraqueza do regime czarista e iniciou a sua queda, concretizada na Revolução de 1917. A guerra também foi conhecida como a "primeira maior guerra do século XX".
Após a  Restauração Meiji      o Japão iniciou um programa de desenvolvimento industrial e militar para que não caísse no Imperialismo europeu na Ásia.
Em dezembro de 1897, uma frota russa ancorou em Port Arthur e três meses depois em 1898, a China arrendou Port Arthur para os russos que precisavam de uma base naval no Extremo Oriente, pois a atual base de Vladivostok ficava paralisada de novembro a março, durante o inverno, por causa do gelo, impedindo a navegação mercante e de guerra, e Port Arthur tinha águas quentes e seu porto funcionava o ano todo,  perfeito para os russos criarem a sua base naval
Bombardeio japonês a Port Arthur
O Japão continuava insatisfeito pelo avanço russo no Extremo Oriente e decidiu que somente uma guerra poderia assegurar a Coreia e ainda conquistar Port Arthur. Em 8 de fevereiro de 1904, a Marinha Imperial Japonesa lança um ataque surpresa à frota russa ancorada em Port Arthur. Três horas depois, em São Petersburgo, o Czar Nicolau II recebe a notícia do ataque japonês - ficou atordoado, pois de acordo com os seus ministros, o Japão nunca atacaria uma potência europeia que tinha quase o dobro de soldados e a sexta marinha de guerra mais poderosa do mundo. O ataque sem declaração formal de guerra foi justificado pelos japoneses, tendo em vista que a Rússia havia invadido a Finlândia em 1809.
O Exército Japonês iniciou ofensivas na Manchúria, enquanto o Exército Imperial Russo utilizou táticas defensivas para tentar atrasar o avanço japonês enquanto os reforços russos ainda estavam sendo transportados pela ferrovia Transiberiana que ainda não havia sido terminada chegando até Irkutsk perto do Lago Baikal.
Em 1 de maio de 1904, as tropas japonesas atravessaram o rio Yalu e atacaram as posições russas. Os russos acreditavam que seria uma guerra fácil e rápida com uma grande vitória russa, mas após a Batalha do Rio Yalu os japoneses derrotam os russos que recuam para Port Arthur.
Em 10 de agosto, os russos tentam furar o bloqueio de Port Arthur e ir para Vladivostok, russos e japoneses se enfrentaram e o Almirante Togo derrota os russos.
Enquanto isso o Exército Japonês iniciou vários ataques no alto das colinas fortificadas, e depois de milhares de mortes, os japoneses conseguem conquistar as colinas e sua artilharia bombardeia os navios russos. Todos os navios da Frota do Pacífico são afundados pela primeira vez por uma artilharia terrestre.  
Após a Batalha de Liaoyang, os russos recuam para Mukden desistindo de aliviar Port Arthur. O Major General Anatoly Stessel acreditou que não teria chances sem  reforços e com os navios afundados, e se rendeu em 2 de janeiro de 1905, sem se reunir com os outros militares nem avisar ao Czar. Por isso Stessel foi julgado por uma corte marcial em 1908 e condenado à morte, mas foi perdoado pouco depois.
Após a destruição da Frota do Pacífico, os russos decidiram enviar a sua Frota do Báltico sob o comando do Almirante Zinovy Rozhestvensky para enfrentar os japoneses, dentre os navios da Frota, havia os da Classe Borodino,  seus navios mais modernos, adquiridos há pouco tempo.
Ilustração da batalha de Mukden
Em 20 de fevereiro de 1905, iniciou-se a Batalha de Mukden, quando  os japoneses atacaram o flanco direito russo na cidade chinesa de Mukden.
Com uma força de quase meio milhão de soldados e ambos os lados bem entrincheirados apoiados por centenas de peças de artilharia. Após alguns dias, os japoneses pressionam os flancos, quando os russos perceberam que estavam sendo cercados decidem se retirarar.
Cerca de 90.000 russos foram perdidos em Mukden, apesar dessa grande derrota russa, a vitória japonesa só viria no final de maio de 1905, graças à marinha.
A Frota Russa do Báltico, após navegar 33 mil quilômetros, chegou ao Extremo Oriente. O Almirante Rozhestvensky decidiu passar pelo estreito de Tsushima por ser o local mais perto de Vladivostok, mas também o mais perigoso.
O Almirante Togo já sabia do percurso russo após receber mensagens de um navio mercante japonês que avistou as luzes dos dois navios-hospitais russos à noite, pois os russos preferiam seguir as regras da guerra que proibia desligar as luzes de navios-hospitais para a segurança dos navios.
Togo posicionou seus navios no estreito de Tsushima, após reparar alguns danificados, inclusive o seu navio, o Mikasa. Durante a travessia do estreito, os russos foram surpreendidos pela frota japonesa, que atacou os russos em 27 de maio. Isso a despeito de que navios russos eram maiores.
Mesmo com poder de fogo maior, possuindo canhões de diversos calibres, a frota russa estava em péssimo estado de conservação, depois de navegar milhares de quilômetros. Além disso, seus marinheiros estavam exaustos com a longa viagem até o Extremo Oriente.
Na batalha, os japoneses afundam importantes navios, como o Encouraçado Borodino que, ao ser atingido em uma de suas baterias, iniciou uma série de explosões internas, que abriram um buraco em seu casco, resultando no seu naufrágio; apenas um marinheiro sobreviveu.
Almirante Togo a bordo de seu navio capitânea, o Mikasa
O encouraçado Imperador Alexandre III também foi bombardeado, causando grave incêndio e inundações que o fizeram virar, matando todos os marinheiros. O Knyaz Suvorov foi atingido e Rozhestvensky ficou gravemente ferido.
À noite, o contra-almirante Nikolai Nebogatov assumiu o comando da frota. Os japoneses lançaram torpedos contra os russos que se dispersavam. No dia seguinte, os seis navios restantes renderam-se, sob as ordens de Nebogatov.
Com a destruição das Frotas do Pacífico e do Báltico e com o Exército Imperial Russo em retirada na Manchúria, o governo encontrou dificuldades para enviar reforços. Enquanto a economia estava arruinada, a guerra havia se tornado impopular.
Então o Czar aceitou a rendição pelo Tratado de Portsmouth. Em 5 de setembro de 1905, russos e japoneses assinaram os termos de paz. A Rússia reconheceu a soberania japonesa sobre a Coreia, teve que abandonar a Manchúria, ceder Port Arthur, a península de Liaodong e metade da ilha Sacalina para o Japão.
Consequências
O Império Russo ficou desprestigiado com a derrota e o Japão foi reconhecido como uma nova super-potência. A Rússia teve que se rearmar, gastando grande parte de seu dinheiro.
Teve que pedir dois empréstimos franceses: o primeiro, de 800 milhões de francos e o segundo, de 600 milhões de francos. Além disso, o Czar solicitou um empréstimo alemão de 500 milhões de marcos após a destruição das duas frotas, restando apenas a Frota do Mar Negro.
Os marinheiros do encouraçado Potemkin se revoltaram enquanto ocorria a Revolução Russa de 1905.
A Rússia Czarista entrou em decadência: o povo perdeu a confiança no Imperador enquanto o regime entrou em colapso completamente durante a Primeira Guerra Mundial.

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