quarta-feira, 22 de março de 2017

Antoni Gaudí, o genial arquiteto de Barcelona

Antoni Placid Gaudí i Cornet,
em foto de 15 de março de 1878,
Barcelona, Espanha, por Pau Audouard.
Antoni Gaudí i Cornet (Reus ou Riudoms25 de junho de 1852 — Barcelona10 de junho de 1926) foi um famoso arquiteto catalão e figura de ponta do Modernismo catalão. As obras de Gaudi revelam um estilo único e individual e estão em sua maioria na cidade de Barcelona.
Grande parte da obra de Gaudi é marcada pelas suas grandes paixões: arquiteturanatureza e religião. Gaudi dedicava atenção aos mais ínfimos detalhes de cada uma das suas obras, incorporando nelas uma série de ofícios que dominava: cerâmicavitralferro forjado e marcenaria. Introduziu novas técnicas no tratamento de materiais, como o trencadís, realizado com base em fragmentos cerâmicos.
Depois de vários anos sob influência do neogótico e de técnicas orientais, Gaudi tornou-se parte do movimento modernista catalão, que atingiu o seu apogeu durante o final do século XIX e início do século XX. O conjunto da sua obra transcende o próprio movimento, culminando num estilo orgânico único inspirado na natureza. Gaudi raramente desenhava projetos detalhados, preferindo a criação de maquetes e modelava os detalhes à medida que os concebia.
A obra de Gaudi é amplamente reconhecida internacionalmente e objeto de inúmeros estudos, sendo apreciada não só por arquitetos como pelo público em geral. A sua obra-prima, a inacabada Sagrada Família, é um dos monumentos mais visitados de Espanha. Entre 1984 e 2005, sete das suas obras foram classificadas como Património Mundial pela UNESCO. A devoção católica de Gaudi intensificou-se ao longo da sua vida e a sua obra é rica no imaginário religioso, o que levou que fosse proposta a sua beatificação.
Vida e obra
Os seus primeiros trabalhos possuem claras influências da arquitetura gótica (refletindo o revivalismo do século XIX) e da arquitetura catalã tradicional. Nos primeiros anos de sua carreira, Gaudí foi fortemente influenciado pelo arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, responsável em seu país por promover o retorno às formas góticas da arquitetura.
Com o tempo, entretanto, passou a adotar uma linguagem escultórica bastante pessoal, projetando edifícios com formas fantásticas e estruturas complexas. Algumas de suas obras-primas, mais notavelmente o Templo Expiatório da Sagrada Família possuem um poder quase alucinatório.
Gaudí é conhecido por fazer extenso uso do arco parabólico catenário, uma das formas mais comuns na natureza. Para tanto, possuía um método de trabalho incomum para a época, utilizando-se de modelos tridimensionais em escala moldados pela gravidade (Gaudí usava correntes metálicas presas pelas extremidades: quando elas ficavam estáveis, ele copiava a forma e reproduzia-as ao contrário, formando suas conhecidas cúpulas catenárias). Também se utilizou da técnica catalã tradicional do trencadis, que consiste de usar peças cerâmicas quebradas para compor superfícies.
O templo da Sagrada Família,
considerada a obra-prima de Gaudí.
Ridicularizado por seus contemporâneos, Gaudí encontrou no empresário Eusebi Güell o parceiro e cliente ideal, tendo sido na prática seu mecenas.
Politicamente, Gaudí foi um fervoroso nacionalista catalão (ele foi certa vez preso durante uma noite por falar em catalão numa situação considerada ilegal pelas autoridades). Nos seus últimos anos, devotou-se exclusivamente à religião católica e à construção da Sagrada Família (obra nunca concluída).
Antoni Gaudí trabalhou essencialmente em Barcelona, onde tinha estudado arquitetura. Originário de uma família não muito abastada, Gaudí tendeu para a procura do luxo durante a juventude; no entanto na idade adulta e no final de sua vida essa tendência desapareceu por completo. Quando jovem aderiu ao Movimento Nacionalista da Catalunha e assumiu algumas posições críticas à Igreja Católica, no final da sua vida essa faceta desapareceu. Gaudí nunca se casou.
Em Barcelona a sua arquitetura assume foros de exceção, num ambiente essencialmente funcionalista de uma cidade de desenvolvimento industrial. Gaudí deixou-se influenciar por inúmeras tendências, não tendo nunca dedicado a sua arquitetura a cópia de um estilo determinado. Uma das mais fortes influências que recebeu foi a de Viollet-le-Duc através de quem conheceu parte do seu estilo gótico inspirador. Morreu aos 73 anos, vítima de atropelamento. Encontra-se sepultado no Templo Expiatório da Sagrada FamíliaBarcelona, na Espanha.
Estilo
Uma primeira fase que se pode identificar na arquitetura de Gaudí poderá ser chamada de “mourisca” uma vez que o arquitecto buscou inspiração naquele tipo de construções: as formas, as cores, os materiais, tudo aponta na mesma direção.
Outra fase importante da obra de Gaudí foi aquela que decorreu sob o mecenato de Güell. Este rico habitante de Barcelona era o retrato do industrial bem sucedido. A sua casa estava aberta aos artistas e Gaudí foi também acolhido e aí contactou com a chamada “Arte Nova”, que viria a usar mais tarde. As encomendas de Güell a Gaudí montam a cinco obras de arquitectura.
Uma outra fase identificável na obra de Gaudí é o que se pode classificar de período “gótico”. Gaudí utilizará os princípios deste estilo, bem como algumas das suas formas mais típicas; no entanto o gótico em Gaudí manifestar-se-á também em inovações ousadas, como são, por exemplo, os seus arcos parabólicos.
Já arquitecto de créditos firmados, Gaudí buscou um estilo próprio e se quisermos citar exemplos desse estilo a Casa Batlló e a Casa Milá serão certamente as que nos acudirão ao espírito. De tal forma ousadas eram essas construções que o público de Barcelona, apesar da estima e do prestígio de Gaudí, não deixou de as alcunhar e de as considerar quase aberrantes. A obra de Gaudí por excelência foi, no entanto, o templo expiatório da Sagrada Família, obra a que dedicou uma parte importante da sua vida e em que trabalhou aturadamente nos seus últimos 12 anos de existência. Está em curso um movimento em prol da beatificação de Gaudí pela Igreja Católica, promovido desde 1992 por uma associação secular.
Obra
A obra de Gaudi é geralmente classificada como fazendo parte do Modernismo catalão devido à sua vontade de renovar sem romper com a tradição, da sua procura pela modernidade, do papel do ornamento e do seu processo de trabalho multidisciplinar, no qual a produção artesanal desempenha um papel fundamental. A isto, Gaudí acrescenta um gosto pelo barroco e faz uso de inovações técnicas ao mesmo tempo que continua a utilizar linguagem arquitetónica tradicional. Em conjunto com a inspiração na natureza, estas características dão às suas obras um cunho pessoal e único na história da arquitetura.
É difícil definir de forma precisa linhas de orientação que representem fielmente a evolução do seu estilo. Embora Gaudí tenha partido de uma perspetiva historicista para se envolver por completo no movimento modernista que marcou a transição do século XIX para o XX na Catalunha antes de desenvolver o seu estilo orgânico próprio, este processo não se deu ao longo de fases bem definidas ou com limites facilmente perceptíveis. Pelo contrário, em cada fase há uma reflexão sobre todas as fases anteriores, à medida que gradualmente as assimila e as supera. Uma das melhores descrições da obra de Gaudi foi feita pelo seu discípulo e biógrafo Joan Bergós que, de acordo com critérios plásticos e estruturais, define cinco períodos: preliminar, mudéjar-mourisco, gótico simulado, naturalista e expressionista, e síntese orgânica.

Principais trabalhos
Em ordem cronológica:

Cooperativa Obrera Mataronense1878-1882    Mataró


El Capricho

1883-1885     Comillas

Casa Vicens
1883-1888   Barcelona

Templo Expiatório da Sagrada Familia
1883 - 1926   Barcelona

Pavilhões Guell
1884 - 1887 Barcelona

Palácio Guell
1886 - 1890     Barcelona 

Colegio de las Teresianas
1888 - 1889     Barcelona



Palacio Episcopal de Astorga
1889 - 1915    Astorga

Casa Botines
1891 - 1894      Léon 

Bodegas Gruel
1895 - 1897       Sitges

Casa Calvet
1898 - 1900         Barcelona

Torre Bellesguard
1900 - 1909    Barcelona

Parque Guell
1900 - 1914      Barcelona 

Portal Mirales
1901         Barcelona 

Casa Batló
1904 -1906   Barcelona 

Jardins Artigoas
1905 -1906      La Pobla de Lillet

Casa Millá
1906 - 1910      Barcelona 

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