La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie
La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer bergère d'azur
Infinie
Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées
La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
TRADUÇÃO
O
mar
Que
vemos dançar ao longo dos golfos claros
Tem
reflexos prateados
O
mar
Dos
reflexos mutantes
Sob
a chuva
O
mar
No
céu de verão confunde
Suas
brancas ovelhas
Com
os anjos tão puros
O
mar, pastor do céu
Infinito
Vejam
Perto
das lagoas
Os
grandes bambus molhados
Vejam
Seus
pássaros brancos
E
suas casas enferrujadas
O mar
Os
embalou
Ao
longo dos golfos claros
E
de uma canção de amor
O
mar
Charles
Trenet (Narbona, 18 de Maio de 1913 – Créteil, 19 de
Fevereiro de 2001) foi um cantor francês.
"Quem
veio ao meu show está dispensado de ir a meu enterro", disse Charles
Trenet, pouco antes de morrer em sua última apresentação na sala Pleyel (Paris,
abril de 2000).
Vítima
de preconceito por assumir abertamente a sua homossexualidade e obrigado a
provar que não era judeu na França ocupada pelos alemães, Trenet produziu uma
série de hits. Um deles - Douce France - virou hino da Resistência,
durante a ocupação nazista.
Cantor,
compositor, letrista de cerca de mil canções, artista plástico, poeta e
escritor, revolucionou a música francesa nos anos 40 com versos inspirados e
estética semelhante aos poemas de Paul Éluard e Jacques Prévert. Por sua vez,
influenciou compositores e intérpretes que lhe sucederam, como Charles
Aznavour, Jacques Brel e Georges
Brassens.
Louis-Charles-Augustin-Claude
Trenet nasceu em Narbona, em 18 de maio de 1913, filho do tabelião Lucien, um
melômano que orientou os filhos no caminho da música, e de Marie Louise. Teve
um irmão mais novo, Antoine. A mãe abandonou a família quando Charles tinha 7
anos para seguir o famoso cenarista e diretor de cinema Benno Vigny
Em
1922, morando em Perpignan, onde cresceu, Charles é mandado para um internato
em Beziers onde tem sofrimentos psicológicos intensos. Convalescendo de uma
febre tifóide, volta para casa, quando emerge sua sensibilidade artística
(modelagem, música e pintura).
Aos
15 anos, vai para Berlin viver com a mãe e o já segundo marido, Benno Vigny,
que lhe oferece a possibilidade de frequentar uma escola de arte, onde passa a
circular entre as celebridades do cinema alemão.
En
1930, volta à França e, com a permissão do pai, entra para a Ecole des Arts
Décoratifs. Terminado o curso, trabalha como assistente de direção e assessor
nos estúdios cinematográficos franceses.
Ali
conhece Antonin Artaud, Jean Cocteau e Max Jacob e tem seus primeiros poemas e
livros editados.
Benno
Vigny volta a Paris com Marie-Louise, para rodar um filme musical. Para
trabalhar na equipe como compositor das quatro canções que faziam parte do
roteiro, Charles se matricula e passa no exame da SACEM (espécie de sindicato
francês de músicos, compositores e editores)
En
1933, conhece um jovem pianista, Johnny Hess, com quem forma o duo
"Charles et Johnny". A dupla compõe jingles publicitários para rádio
e fazem muito sucesso mesclando música francesa tradicional com as tendências
modernas. Charles escreve, Johnny compõe. A parceria rende 16 títulos e um
contrato com a gravadora Disques Pathé.
O
duo acaba com a chegada do serviço militar obrigatório para os dois artistas
mas, antes de partir, deixam para Jean Sablon gravar uma canção feita em cinco
minutos - letra rabiscada num guardanapo de papel - a obra-prima Vous
qui passez sans me voir.
Maurice
Chevalier, impressionado com a popularidade de Trenet, decidiu colocar em seu
repertório uma canção que achava "meio sem pé nem cabeça", "Y'a
d'la Joie", sucesso estrondoso e imediato nos vaudevilles de Paris.
A
grande visibilidade leva Trenet a interpretar suas próprias canções e, para
isso, cria um visual original usando sua experiência de artista plástico: aba
do chapéu arredondada como uma auréola (para disfarçar o rosto redondo), terno
vermelho e sorriso constante iluminado pelos olho azuis: um showman de primeira
qualidade.
Durante
a segunda guerra mundial, mesmo sendo um homem marcado pelas suas preferências
sexuais e pela amizade com artistas judeus, Charles Trenet resolve continuar na
França. Suas canções, verdadeiros hinos à liberdade, são censuradas pelo
governo de Vichy. "Douce France" torna-se o hino da Resistência.
A
imprensa colaboracionista sugeriu que o sobrenome Trenet seria um anagrama de
Netter e ele teve que provar que em quatro gerações de sua família não havia
nenhum judeu. Em 1943, em um trem para Perpignan, Trenet compõe La Mer, que ficou 3 anos nas paradas.Ferido por
membros da Gestapo durante um interrogatório, torna-se uma glória nacional.
Terminada
a guerra, Charles Trenet parte para conquistar os Estados Unidos, onde se torna
amigo de George Gershwin, de Duke Ellington,
de Louis Armstrong , Chaplin e
da dupla "O Gordo e o Magro". E
em seguida veio o resto do mundo. Charles Trenet esteve várias vezes no Brasil
entre 1947 e 1955, onde sua popularidade era imensa.
O
sucesso durou até os anos 60, quando a febre do rockn'roll alcançou a França
dando lugar a Johnny Holliday, Richard
Anthony e Françoise Hardy.
Em
1963, foi vítima de uma armação, encenada pelo ex
cozinheiro-motorista-secretário que o acusava de recrutar jovens efebos para
partcipar de festinhas íntimas. Ficou preso para averiguações por um mês e,
depois do julgamento, foi condenado a um ano de prisão e multa de dez mil
francos, sendo beneficiado com sursis. Durante a estadia na prisão escreveu uma
prece para os prisioneiros e uma canção para o carcereiro.
Em
1977, a morte da mãe, com quem mantinha forte ligação, o deixou recluso por dez
anos. Esta semi-aposentadoria acontece numa mansão do sul da França, onde
escreveu muitos romances e um livro de memórias: "Mes jeunes années"
(Anos de Juventude).
Em
1983, lançado candidato à Academia Francesa, sofreu duplo preconceito: foi
impedido por não compor música "cabeça" e por ser homossexual
declarado. Mas, em contrapartida, recebeu muitas homenagens, como a Légion
d'Honneur e o Grand Prix National des Arts et Lettres.
Retomando
a carreira em 1987, lançou, dois anos depois, seu último disco sempre com a
mesma temática - infância, alegria e amor - e se engajou na campanha de
François Mitterrand e Jack Lang na eleição presidencial de 1988.
Aos
85 anos, em julho de 1998, canta no festival de Nyon, na Suíça, para uma
platéia de 20 mil pessoas que faz coro (por conhecer de cór) para seu
repertório legendário.
Depois,
na Sala Pleyel,em Paris, o público emocionado também aplaude com emoção o ídolo
que se movimenta com muita dificuldade, mas canta com o mesmo entusiasmo dos
vinte anos.
Em
abril de 2000, o cantor sofre um acidente cardiovascular, se restabelece e
comparece à inauguração do pequeno museu instalado na casa natal, em Narbona.
Situado na Avenida Charles Trenet 13, objetos, partituras e fotos de seu
percurso artístico levam o visitante a conhecer sua vida familiar, evocando em
particular a figura da mãe, Marie Louise, que ali viveu muito tempo.
Charles
Trenet desejava morrer como um poeta: "Eu quero ir voando", dizia, ao
falar da morte. E assim foi: voou em paz, durante o sono, na madrugada do
domingo 19 de fevereiro de 2001. Ao saber da morte, o presidente da França,
Jacques Chirac, declarou: "Trenet era símbolo de uma França sorridente e
criativa, figura muito próxima de cada um de nós".
Charles Trenet (Narbona, 18 de Maio de 1913 – Créteil, 19 de Fevereiro de 2001) foi um cantor francês.
"Quem
veio ao meu show está dispensado de ir a meu enterro", disse Charles
Trenet, pouco antes de morrer em sua última apresentação na sala Pleyel (Paris,
abril de 2000).
Vítima
de preconceito por assumir abertamente a sua homossexualidade e obrigado a
provar que não era judeu na França ocupada pelos alemães, Trenet produziu uma
série de hits. Um deles - Douce France - virou hino da Resistência,
durante a ocupação nazista.
Cantor,
compositor, letrista de cerca de mil canções, artista plástico, poeta e
escritor, revolucionou a música francesa nos anos 40 com versos inspirados e
estética semelhante aos poemas de Paul Éluard e Jacques Prévert. Por sua vez,
influenciou compositores e intérpretes que lhe sucederam, como Charles
Aznavour, Jacques Brel e Georges
Brassens.
Louis-Charles-Augustin-Claude
Trenet nasceu em Narbona, em 18 de maio de 1913, filho do tabelião Lucien, um
melômano que orientou os filhos no caminho da música, e de Marie Louise. Teve
um irmão mais novo, Antoine. A mãe abandonou a família quando Charles tinha 7
anos para seguir o famoso cenarista e diretor de cinema Benno Vigny
Em
1922, morando em Perpignan, onde cresceu, Charles é mandado para um internato
em Beziers onde tem sofrimentos psicológicos intensos. Convalescendo de uma
febre tifóide, volta para casa, quando emerge sua sensibilidade artística
(modelagem, música e pintura).
Aos
15 anos, vai para Berlin viver com a mãe e o já segundo marido, Benno Vigny,
que lhe oferece a possibilidade de frequentar uma escola de arte, onde passa a
circular entre as celebridades do cinema alemão.
En
1930, volta à França e, com a permissão do pai, entra para a Ecole des Arts
Décoratifs. Terminado o curso, trabalha como assistente de direção e assessor
nos estúdios cinematográficos franceses.
Ali
conhece Antonin Artaud, Jean Cocteau e Max Jacob e tem seus primeiros poemas e
livros editados.
Benno
Vigny volta a Paris com Marie-Louise, para rodar um filme musical. Para
trabalhar na equipe como compositor das quatro canções que faziam parte do
roteiro, Charles se matricula e passa no exame da SACEM (espécie de sindicato
francês de músicos, compositores e editores)
En
1933, conhece um jovem pianista, Johnny Hess, com quem forma o duo
"Charles et Johnny". A dupla compõe jingles publicitários para rádio
e fazem muito sucesso mesclando música francesa tradicional com as tendências
modernas. Charles escreve, Johnny compõe. A parceria rende 16 títulos e um
contrato com a gravadora Disques Pathé.
O
duo acaba com a chegada do serviço militar obrigatório para os dois artistas
mas, antes de partir, deixam para Jean Sablon gravar uma canção feita em cinco
minutos - letra rabiscada num guardanapo de papel - a obra-prima Vous
qui passez sans me voir.
Maurice
Chevalier, impressionado com a popularidade de Trenet, decidiu colocar em seu
repertório uma canção que achava "meio sem pé nem cabeça", "Y'a
d'la Joie", sucesso estrondoso e imediato nos vaudevilles de Paris.
A
grande visibilidade leva Trenet a interpretar suas próprias canções e, para
isso, cria um visual original usando sua experiência de artista plástico: aba
do chapéu arredondada como uma auréola (para disfarçar o rosto redondo), terno
vermelho e sorriso constante iluminado pelos olho azuis: um showman de primeira
qualidade.
Durante
a segunda guerra mundial, mesmo sendo um homem marcado pelas suas preferências
sexuais e pela amizade com artistas judeus, Charles Trenet resolve continuar na
França. Suas canções, verdadeiros hinos à liberdade, são censuradas pelo
governo de Vichy. "Douce France" torna-se o hino da Resistência.
A
imprensa colaboracionista sugeriu que o sobrenome Trenet seria um anagrama de
Netter e ele teve que provar que em quatro gerações de sua família não havia
nenhum judeu. Em 1943, em um trem para Perpignan, Trenet compõe La Mer, que ficou 3 anos nas paradas.Ferido por
membros da Gestapo durante um interrogatório, torna-se uma glória nacional.
Terminada
a guerra, Charles Trenet parte para conquistar os Estados Unidos, onde se torna
amigo de George Gershwin, de Duke Ellington,
de Louis Armstrong , Chaplin e
da dupla "O Gordo e o Magro". E
em seguida veio o resto do mundo. Charles Trenet esteve várias vezes no Brasil
entre 1947 e 1955, onde sua popularidade era imensa.
O
sucesso durou até os anos 60, quando a febre do rockn'roll alcançou a França
dando lugar a Johnny Holliday, Richard
Anthony e Françoise Hardy.
Em
1963, foi vítima de uma armação, encenada pelo ex
cozinheiro-motorista-secretário que o acusava de recrutar jovens efebos para
partcipar de festinhas íntimas. Ficou preso para averiguações por um mês e,
depois do julgamento, foi condenado a um ano de prisão e multa de dez mil
francos, sendo beneficiado com sursis. Durante a estadia na prisão escreveu uma
prece para os prisioneiros e uma canção para o carcereiro.
Em
1977, a morte da mãe, com quem mantinha forte ligação, o deixou recluso por dez
anos. Esta semi-aposentadoria acontece numa mansão do sul da França, onde
escreveu muitos romances e um livro de memórias: "Mes jeunes années"
(Anos de Juventude).
Em
1983, lançado candidato à Academia Francesa, sofreu duplo preconceito: foi
impedido por não compor música "cabeça" e por ser homossexual
declarado. Mas, em contrapartida, recebeu muitas homenagens, como a Légion
d'Honneur e o Grand Prix National des Arts et Lettres.
Retomando
a carreira em 1987, lançou, dois anos depois, seu último disco sempre com a
mesma temática - infância, alegria e amor - e se engajou na campanha de
François Mitterrand e Jack Lang na eleição presidencial de 1988.
Aos
85 anos, em julho de 1998, canta no festival de Nyon, na Suíça, para uma
platéia de 20 mil pessoas que faz coro (por conhecer de cór) para seu
repertório legendário.
Depois,
na Sala Pleyel,em Paris, o público emocionado também aplaude com emoção o ídolo
que se movimenta com muita dificuldade, mas canta com o mesmo entusiasmo dos
vinte anos.
Em
abril de 2000, o cantor sofre um acidente cardiovascular, se restabelece e
comparece à inauguração do pequeno museu instalado na casa natal, em Narbona.
Situado na Avenida Charles Trenet 13, objetos, partituras e fotos de seu
percurso artístico levam o visitante a conhecer sua vida familiar, evocando em
particular a figura da mãe, Marie Louise, que ali viveu muito tempo.
Charles
Trenet desejava morrer como um poeta: "Eu quero ir voando", dizia, ao
falar da morte. E assim foi: voou em paz, durante o sono, na madrugada do
domingo 19 de fevereiro de 2001. Ao saber da morte, o presidente da França,
Jacques Chirac, declarou: "Trenet era símbolo de uma França sorridente e
criativa, figura muito próxima de cada um de nós".
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