sábado, 3 de dezembro de 2016

A qualidade da civilização do meu império repousa sobre as exigências e a devoção do trabalho

E durante meus longos passeios vim a compreender que . Não é feita da posse, mas sim da dádiva. Civilizado, em primeiro lugar, é aquele artesão de quem falo e que se recria no objeto, e por outro lado eterno, pois não tem mais medo de morrer. Civilizado também aquele que combate e se troca pelo império. Mas um outro se embrulha sem benefício no luxo comprado nas lojas dos mercadores, mesmo que alimente seus olhos de perfeição, se não criou coisa alguma até hoje. Sei dessas raças bastardas que deixaram de escrever os poemas e apenas os leem, que não cultivam mais o solo e passaram a se apoiar nos escravos. É contra eles que as areias do Sul preparam eternamente, na sua penúria criadora, as tribos vigorosas que irão cavalgar para conquistar suas provisões mortas. Não amo os sedentários da alma. Aqueles que não trocam nada jamais se tornam coisa alguma. E a vida não terá servido para amadurecê-los. E o tempo corre por eles como o punhado de areia, e os perde. Que irei remeter a Deus em nome deles?


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