“Porque aquele que sabe
interpretar a imagem, e que a traz na alma, ligada a ele como a criança ao
seio, aquele para quem ela é a pedra angular, para quem ela é o sentido e o
significado e ocasião de grandeza, espaço e plenitude, esse, se separado de sua
nascente, se sente dividido, desmantelado, e morre de asfixia como a árvore que
cortaram as raízes. Nunca mais se encontrará. E ainda assim, enquanto a imagem
que nele morre o faz morrer, já não sofre e se acomoda na sua mediocridade sem
perceber.
“É por isso que convém manter
permanentemente acordado no homem aquilo que é grande, e o converter à sua
própria grandeza.
“Porque o alimento essencial não
lhe vem das coisas, mas sim do laço que liga as coisas. Não é o diamante, mas
sim uma certa relação entre o diamante e os homens que o pode saciar. Nem as areias,
mas sim uma certa relação entre as areias e as tribos. Não as palavras no
livro, mas sim a relação entre as palavras do livro, que são amor, poema e
sabedoria de Deus.
“E se os convido a colaborar e a
estar unidos e compor uma grande figura que engrandece cada um, que participa
de todos, filhos do império, se vos envolvo na grandeza de meu amor, como não se
sentir ampliado e porque resistir? A beleza da imagem só existe por causa da
ressonância de cada parte sobre todas as outras. E essa visão te perturba. É o caso
do poema que te leva às lágrimas. Agarrei estrelas, fontes, mágoas. Nada
demais. Mas as juntei de acordo com meu jeito e elas serviram de pedestal a uma
divindade que as domina e em nenhuma delas se contém”.
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