segunda-feira, 12 de junho de 2017

A história da gigante multinacional que começou com um tear

         Era uma vez um cara chamado Herman Hollerith. A essa altura você está lembrando do seu contracheque salarial – sim, chama-se “Hollerith” por causa desse cara, que nasceu em 1860 e morreu em 1929. Mas a história começa antes dele.

            Em 1804, um tal de Joseph Marie Jacquard construiu um tear inteiramente automatizado, que podia fazer desenhos muito complicados. Esse tear era programado por uma série de cartões perfurados, cada um deles controlando um único movimento da lançadeira.

            Curiosamente, ele era de um ramo que não tinha nada a ver com números e calculadoras: a tecelagem. Filho de tecelões - e, ele mesmo, um aprendiz têxtil desde os dez anos de idade - , Jacquard sentiu-se incomodado com a monótona tarefa que lhe fora confiada na adolescência: alimentar os teares com novelos de linhas coloridas para formar os desenhos no pano que estava sendo fiado.

           
A máquinan de Jacquard, onde se vê o papel perfurado 
que dava instruções ao tear e automatizava o processo
 de tecelagem
Como toda a operação era manual, a tarefa de Jacquard era interminável: a cada segundo, ele tinha que mudar o novelo, seguindo as determinações do contratante. Com o tempo, Jacquard foi percebendo que as mudanças eram sempre sequenciais. E inventou um processo simples: cartões perfurados, onde o contratante poderia registrar, ponto a ponto, a receita para a confecção de um tecido.

            Jacquard construiu um tear automático, capaz de ler os cartões e executar as operações na sequencia programada. A primeira demonstração prática do sistema aconteceu na virada do século XIX, em 1801. Os mesmos cartões perfurados de Jacquard, que mudaram a rotina da indústria têxtil, teriam, poucos anos depois, uma decisiva influência no ramo da computação. E, praticamente sem alterações, continuam a ser aplicados ainda hoje. (Leia até o final que você vai entender)

            Certamente utilizando o princípio descoberto por Jacquard para comando automático de teares, Hermann Hollerith - funcionário do United States Census Bureau - inventou, em 1880, uma máquina para realizar as operações de recenseamento da população. A máquina fazia a leitura de cartões de papel perfurados em código BCD (Binary Coded Decimal) e efetuava contagens da informação referente à perfuração respectiva. O sistema foi patenteado em 8 de junho de 1887.

            Com esse processo, os Estados Unidos puderam acompanhar de perto o crescimento de sua população. Os resultados do censo de 1890 foram fornecidos três anos depois, economizando-se vários anos de trabalho.

            Em 1896, Holerith criou a Tabulating Machine Company e introduziu inovações em sua descoberta: a fita de papel foi substituída por cartões. Estes viriam a ser o elemento básico das máquinas IBM de processamento de dados de algumas décadas atrás. Já em 1911, duas outras companhias, a Internacional Time Recorde Co. (de registradores mecânicos de tempo), e a Computing Cale Co. (de instrumentos de aferição de peso), uniram-se a ela, por sugestão do negociante e banqueiro Charles R. Flint, formando-se então a Computing Tabulating Recording Co - a CTR.
A máquina de Holerith, que usando o princío do tear de Jacquard usava 
fitas e cartões perfurados para processar o censo dos Estados Unidos em 
poucos meses, muito menos do que anos, necessários anteriormente


            Três anos mais tarde, em 1914, Thomas J. Watson (líder industrial que foi um dos homens mais ricos do seu tempo) assumiu a presidência da organização e estabeleceu normas de trabalho absolutamente inovadoras para a época. Naquele tempo, a CTR contava com menos de 1400 funcionários e as constantes pesquisas de engenharia resultaram na criação e no aperfeiçoamento de novas máquinas de contabilidade, exigidas pelo rápido desenvolvimento industrial. Antes do ano de 1924, aquele pequeno grupo de homens havia aumentado e diversificado muito sua experiência. Os produtos ganharam maior qualidade, surgiram novas máquinas e com elas novos escritórios de vendas e mais vendedores.

            Em fevereiro de 1924 a CTR muda seu nome para INTERNATIONAL BUSINESS MACHINES, hoje mundialmente conhecida pelo seu acrônimo, IBM.

            A sigla IBM passou a ser, desde então, a fórmula para que a indústria e o comércio continuassem a resolver seus problemas de desenvolvimento.

             controle e transferência de prisioneiros, segundo o jornalista Edinho Black no seu livro “Jazi Nexus”, de 2009. Os serviços prestados pela IBM ao governo alemão rendeu o equivalente a US$ 200 milhões.

No início do século XX, a IBM era a única empresa do mundo que dispunha da tecnologia de cartões perfurados, aplicado em quase todas as áreas que utilizavam máquinas para cadastro, identificação, arquivo e regulação de informações. O equipamento desenvolvido pela IBM foi também utilizado para fins menos nobres durante o período da 2ª Guerra Mundial, quando o Terceiro Reich firmou uma parceria com a empresa para automatizar o sistema de identificação,

            O número de identificação tatuado no braço dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz relacionava-se ao número de cartão perfurado dos registros da IBM.

            Em consequência do constante e rápido desenvolvimento, a International Business Machines Corporation criou em 1949 a IBM World Trade Corporation, uma subsidiária inteiramente independente, cujo objetivo era aumentar vendas, serviços e produção fora dos Estados Unidos.

            As fábricas e laboratórios da IBM funcionam em 15 diferentes países. Essas fábricas estão integradas aos laboratórios de desenvolvimento na França, Alemanha, Espanha, Itália, Holanda, Suécia, Inglaterra, Brasil, Argentina, Colômbia, México, Canadá, Austrália e Japão.

            Samsung (3.611 patentes) e a Microsoft (2.906 patentes).
Invenções da IBM - o HD, a memória RAM, 
o cartão magnético, e o código de barras
A IBM é uma das principais empresas que investe em pesquisa e desenvolvimento mantendo-se na liderança do ranking de publicação de patentes há 16 anos consecutivos - a IBM publicou 4.914 patentes norte-americanas em 2009, estabelecendo um recorde histórico para a "Big Blue", mantendo sua liderança contra competidores como a


            Nos últimos anos, a IBM transformou completamente seu modelo de negócio. A empresa se desfez de várias atividades que já tinham se transformado em "commodities", como os segmentos de PCs e Impressoras, e ampliou os investimentos nas áreas de prestação de serviços, que possuem um superior valor agregado, como consultoria, Informação on Demanda e Serviços. Em 2005, sua divisão de PCs foi vendida para a empresa chinesa Lenovo.

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