Chaplin c. 1920 |
Charles Spencer Chaplin KBE (Londres, 16 de abril de 1889 — Corsier-sur-Vevey, 25 de dezembro de 1977), foi um ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino, roteirista e músico britânico. Chaplin foi um dos atores da era do cinema mudo, notabilizado pelo uso de mímica e da comédia pastelão. É bastante conhecido pelos seus filmes O Imigrante, O Garoto, Em Busca do Ouro (este considerado por ele seu melhor filme), O Circo, Luzes da Cidade, Tempos Modernos, O Grande Ditador, Luzes da Ribalta, Um Rei em Nova
Iorque e A Condessa de
Hong Kong.
Influenciado pelo trabalho dos
antecessores - o comediante francês Max Linder, Georges Méliès, D. W. Griffith Luís e Auguste Lumière - e compartilhando o
trabalho com Douglas Fairbanks e Mary Pickford, foi influenciado pela mímica, pantomima e
o gênero pastelão e influenciou uma enorme equipe de comediantes e cineastas
como Federico Fellini, Os Três Patetas, Peter Sellers, Milton Berle, Marcel Marceau, Jacques Tati, Rowan Atkinson, Johnny Depp, Michael Jackson, Sacha Baron Cohen, Harold Lloyd, Buster Keaton e outros diretores e comediantes. É considerado por
alguns críticos o maior artista cinematográfico de todos os tempos, e um dos
"pais do cinema", junto com os Irmãos Lumière, Georges Méliès e D.W. Griffith.
Charlie Chaplin atuou, dirigiu,
escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes, sendo
fortemente influenciado por um antecessor, o comediante francês
Max Linder, a quem dedicou um de seus filmes. Sua carreira no ramo do
entretenimento durou mais de 75 anos, desde suas primeiras atuações quando
ainda era criança nos teatros do
Reino Unido durante a Era Vitoriana quase até sua morte aos 88 anos de idade. Sua vida
pública e privada abrangia adulação e controvérsia. Juntamente com Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D. W. Griffith, Chaplin fundou a humorista britânico em 1919.
Seu principal e mais famoso personagem foi The Tramp, conhecido como Charlot na Europa e
igualmente conhecido como Carlitos ou "O Vagabundo"
no Brasil. Consiste em um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas
e a dignidade de um cavalheiro (gentleman), usando um fraque preto
esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola,
uma bengala de bambu e - sua
marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.
Foi também um talentoso jogador
de xadrez e chegou a enfrentar o campeão estadunidense Samuel Reshevsky.
Em 2008, em uma resenha do
livro Chaplin: A Life, Martin Sieff escreve: "Chaplin não foi
apenas 'grande', ele foi gigantesco. Em 1915, ele estourou um mundo dilacerado
pela guerra trazendo o dom da comédia, risos e alívio enquanto ele próprio
estava se dividindo ao meio pela Primeira Guerra
Mundial.
Durante os próximos 55 anos, através da Grande Depressão e da ascensão de Hitler, ele permaneceu no emprego. Ele foi maior do que
qualquer um. É duvidoso que algum outro indivíduo tenha dado mais
entretenimento, prazer e alívio para tantos seres humanos quando eles mais
precisavam."
Por sua inigualável contribuição ao
desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de
todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do
Império Britânico) e
francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de
Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados
Unidos (Oscar especial
pelo conjunto da obra, em 1972).[carece de fontes]
Charles Spencer Chaplin, que
era canhoto, nasceu no dia 16 de abril de
1889, supostamente na East Street, Walworth, Londres, Inglaterra. Seus
pais eram artistas de music-hall. Seu pai,
Charles Spencer Chaplin Sr., era vocalista e
ator, e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e
atriz. Ambos
separaram antes de Charlie completar três anos de idade. Após a separação,
Chaplin foi deixado aos cuidados de sua mãe, que estava cada vez mais instável
emocionalmente. O censo de 1891 mostra que sua mãe morava
com Charlie e seu meio-irmão mais velho Sydney John Hawkes (1885–1965)
na Barlow Street, Walworth.
Quando era menino, Chaplin viveu de
forma alternada em vários endereços, especialmente nos arredores de Kennington
Road, em Lambeth, incluindo a 3 de Pownall Terrace, a rua Chester e o número 39
da rua Methley. A mãe de sua paterna era oriunda da família Smith de Romanichals.
Um problema de laringe acabou
com a carreira de cantora da mãe de Chaplin. Devido a uma de suas internações como consequência
de seus problemas mentais, sofria depressão nervosa, e um quadro de
desnutrição, seus filhos foram ingressados durante várias semanas no asilo de
Lambeth no sul de Londres e logo, na Escola Hanwell para órfãos e meninos pobres
desde junho de 1896 a janeiro de 1898.
O pai de Charles Chaplin era alcoólatra e tinha pouco contato com seu filho, apesar de
Chaplin e seu meio-irmão morarem durante um curto período de tempo com seu pai
e sua amante, Louise, na 287 Kennington Road. Devido sua mãe, ser internada num asilo devido seus
sérios problemas mentais.
Seu pai morreu de cirrose no fígado quando
Chaplin tinha doze anos, em 1901, foi enterrado numa cova comum sem nome. De acordo com o censo de 1901, Chaplin residia na
94 Ferndale Road, Lambeth.
América
Charles Chaplin (direita) com Winston Churchill em 1929. |
A primeira turnê de Chaplin aos Estados Unidos com o trupe de Fred Karno ocorreu durante 1910 até 1912. Após cinco meses de
volta na Inglaterra, ele retorna aos Estados Unidos em uma segunda turnê com o
trupe de Karno, chegando novamente na América em 2 de outubro de 1912. Na
Companhia de Karno estava Arthur Stanley Jefferson, que posteriormente ficaria
conhecido como Stan Laurel. Chaplin e Laurel dividiam um quarto em uma pensão. Stan
Laurel retornou à Inglaterra, mas Chaplin manteve-se nos Estados Unidos. No
final de 1913, a atuação de Chaplin foi eventualmente vista por Mack Sennett, Mabel Normand, Minta Durfee e Fatty Arbuckle. Sennett o contratou para seu estúdio,
a Keystone Film Company, pois precisavam de um substituto para Ford Sterling.Inicialmente, Chaplin teve grande dificuldade em se
adaptar ao estilo de atuação cinematográfica da Keystone. Após a estreia de
Chaplin no cinema, no filme Making a Living, Sennett sentiu que cometera um grande erro. Muitos alegam que foi Normand quem o convenceu a
dar a Chaplin uma segunda chance.
Making a Living (1914), o primeiro filme de Chaplin. |
Chaplin começou
a trabalhar junto com Normand, que dirigiu e escreveu vários de seus primeiros
filmes. Chaplin não gostou de ser dirigido por uma mulher,
e os dois discutiam frequentemente. Ele acreditava que Sennett pretendia demití-lo caso
houvesse um desentendimento com Normand. No entanto, os filmes de Chaplin fizeram tanto
sucesso que ele se tornou uma das maiores estrelas da Keystone.
Artista pioneiro de cinema
Foi no estúdio Keystone onde Chaplin desenvolveu seu
principal e mais conhecido personagem: O Vagabundo (conhecido como Charlot na França e no mundo
francófono, na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Romênia e Turquia, Carlitos no Brasil e na Argentina,
e Der Vagabund na Alemanha). O
Vagabundo é um andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e
a dignidade de um cavalheiro; aparece sempre vestindo um paletó
apertado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, e
um chapéu-coco; carrega uma bengala de bambu; e possui um
pequeno bigode-de-broxa. O público viu o personagem pela
primeira vez no segundo filme de Chaplin, Kid Auto Races
at Venice,
lançado em 7 de fevereiro de 1914. No entanto, ele já havia criado o visual do
personagem para o filme Mabel's Strange
Predicament,
produzido alguns dias antes, porém lançado mais tarde, em 9 de fevereiro de
1914.
Charlie Chaplin e Paulette Goddard. |
Kid Auto Races at Venice (1914), o segundo filme de Chaplin e a primeira aparição d'O Vagabundo. |
Visto que grupos de imigrantes chegavam
constantemente na América, os filmes mudos foram capazes de atravessar todas as
barreiras de linguagem, sendo compreendidos por todos os níveis da Torre de Babel americana, simplesmente devido ao fato de serem
mudos. Nesse contexto, Chaplin foi emergindo e tornando-se o exponente máximo
do cinema mudo.
Charles Chaplin e Virginia Cherrill em Luzes da Cidade (1931). |
Controle criativo
Charles Chaplin junto com Edna Purviance em The Immigrant (1917). |
Charles Chaplin com Harry Houdini em 1919. |
Charlie Chaplin Studios, 1922 |
Ele disse:
"A ação é geralmente mais
entendida do que palavras. Assim como o simbolismo chinês, isto vai significar
coisas diferentes de acordo com a sua conotação cênica. Ouça uma descrição de
algum objeto estranho — um javali-africano, por exemplo; depois olhe para uma foto do animal e veja
como você fica surpreso".
Durante o avanço dos filmes sonoros,
Chaplin produziu Luzes da Cidade (1931) e Tempos Modernos antes de se converter ao cinema "falado". Esses filmes foram essencialmente mudos, porém possuíam
música sincronizada e efeitos sonoros. Indiscutivelmente, Luzes da
Cidade contém o mais perfeito equilíbrio entre comédia e
sentimentalismo. Em relação à última cena, o crítico James Agee escreveu na revista Life em 1949
que foi a "melhor atuação já registrada em celulóide". Apesar de Tempos Modernos ser um filme mudo, ele
contém falas — geralmente provenientes de objetos inanimados, como rádios ou monitores de televisão. Isto foi feito para ajudar o público da década de 1930, que já estava
fora do hábito de assistir a filmes mudos. Além disso, Tempos Modernos foi
o primeiro filme em que a voz de Chaplin é ouvida (no final do filme, a canção
"Smile", composta e cantada pelo próprio Chaplin num dueto com Paulette Goddard). No entanto, para a maioria dos espectadores, este
ainda é considerado um filme mudo — e o fim de uma era.
Albert Einstein e Charles Chaplin em 1931. |
O primeiro filme falado de
Chaplin, O Grande Ditador (1940), foi um ato de rebeldia contra o ditador
alemão Adolf Hitler e o nazismo, e
foi lançado nos Estados Unidos um ano antes do país abandonar sua política
de neutralidade e entrar na Segunda Guerra
Mundial. Chaplin
interpretou o papel de Adenoid Hynkel, ditador da "Tomânia",
claramente baseado em Hitler e, atuando em um papel duplo, também interpretou um
barbeiro judeu perseguido frequentemente por nazistas, o qual é fisicamente
semelhante ao Vagabundo. O filme também contou com a participação do
comediante Jack Oakie no papel de Benzino Napaloni, ditador da "Bactéria", uma sátira do ditador
italiano Benito Mussolini e do fascismo; e
de Paulette Goddard, no papel de uma mulher no gueto. O filme foi
visto como um ato de coragem no ambiente político da época, tanto pela sua
ridicularização do nazismo quanto pela representação de personagens judeus
ostensivos e de sua perseguição. Adicionalmente, O Grande Ditador foi
indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Chaplin), Melhor Ator
Coadjuvante (Oakie), Melhor Trilha
Sonora (Meredith Willson) e Melhor Roteiro
Original (Chaplin).
Técnicas de filmagem
Chaplin interpretando Adenoid Hynkel em O Grande Ditador (1940), numa cena em que satiriza o estilo de oratória de Adolf Hitler |
Chaplin nunca explicou detalhadamente seus métodos de
filmagem, alegando que tal coisa seria o mesmo que um mágico revelar seus truques. Na verdade, antes dele produzir filmes falados,
começando com O Grande Ditador em 1940, Chaplin nunca começou
a filmar a partir de um roteiro completo.
O método que ele desenvolveu, visto que seu contrato com o Essanay Studios
deu-lhe a liberdade de roteirizar e dirigir seus filmes, foi a partir de uma
vaga premissa - por exemplo, "Carlitos entra em um spa" ou
"Carlitos trabalha em uma loja de penhores". Chaplin tinha cenários
já construídos e trabalhava com seu elenco estático para improvisar piadas em
torno das premissas, quase sempre pondo as ideias em prática na hora das
filmagens. Enquanto algumas ideias eram aceitas e outras rejeitadas, uma
estrutura narrativa começava a emergir, muitas vezes exigindo que Chaplin
refilmasse uma cena já concluída que poderia ir contra o enredo.
Charles Chaplin e Jack Oakie em O Grande Ditador (1940). |
Versatilidade
Charles Chaplin com Mahatma Gandhi. |
Chaplin ficou conhecido por sua versatilidade nas artes,
sendo que em Luzes da Ribalta, foi diretor, produtor, financiador, roteirista, músico,
cinematógrafo, regente de orquestra e ator.
Alguns temas musicais de seus filmes
como os de O Garoto, Luzes da Cidade, Tempos Modernos e Luzes da Ribalta são
inesquecíveis. Ele era ator, músico, cineasta, produtor, empresário, escritor,
poeta, dançarino, coreógrafo, humorista, mímico e regente de orquestra.
Era McCarthy
Charles Chaplin e Jackie Coogan em O Garoto (1921). |
Em 1952, Chaplin deixou os Estados
Unidos para o que originalmente pretendia ser uma breve viagem ao Reino Unido para a estreia do filme Luzes da Ribalta em Londres. Hoover soube da viagem e negociou com o
Serviço de Imigração para revogar o visto de Chaplin, exilando-o do
país. Chaplin decidiu não voltar a entrar nos Estados Unidos, escrevendo:
"(…) Desde o fim da última
guerra mundial, eu tenho sido alvo de mentiras e propagandas por poderosos grupos reacionários que, por sua
influência e com a ajuda da imprensa marrom, criaram um ambiente doentio no qual indivíduos de mente
liberal possam ser apontados e perseguidos. Nestas condições, acho que é
praticamente impossível continuar meu trabalho do ramo do cinema e, portanto,
me desfiz de minha residência nos Estados Unidos".
Chaplin decidiu então permanecer na
Europa, escolhendo morar em Vevey, Suíça.
Os últimos dois filmes de Chaplin
foram produzidos em Londres: A King in New York (1957) no qual ele atuou, escreveu, dirigiu e
produziu; e A Countess from
Hong Kong (1967),
que ele dirigiu, produziu e escreveu. O último filme foi estrelado por Sophia Loren e Marlon Brando, e Chaplin fez uma pequena ponta no papel de mordomo,
sendo esta a sua última aparição nas telas. Ele também compôs a trilha sonora de ambos os filmes, assim como a canção-tema de A Countess from Hong Kong, "This is My Song", cantada por Petula Clark, chegando a ser a canção mais popular do Reino Unido na
época do lançamento do filme. Chaplin também produziu The Chaplin Revue, uma compilação de três filmes feitos durante seu
período de parceria com a First National: A Dog's Life (1918), Shoulder Arms (1918) e The Pilgrim (1923), para os quais ele compôs a trilha sonora e
gravou uma narração introdutória. Adicionalmente, Chaplin escreveu
sua autobiografia entre 1959 e 1963, intitulada Minha Vida, sendo publicada em 1964. Chaplin planejara um filme
intitulado The Freak, que seria estrelado por sua filha, Victoria, no papel
de um anjo. Segundo Chaplin, ele havia concluído o roteiro em 1969 e foram
feitos alguns ensaios de pré-produção, mas foram interrompidos quando Victoria
se casou. Além disso, sua saúde declinou constantemente na década de 1970,
prejudicando todas as esperanças do filme ser produzido.
De 1969 até 1976, juntamente com
James Eric, Chaplin compôs músicas originais para seus filmes mudos e depois os
relançou. Compôs a música de seus outros curta-metragens da First
National: The Idle Class em 1971, Pay Day em
1972, A Day's Pleasure em 1973, Sunnyside em 1974, e dos longa-metragens The Circus em
1969 e The Kid em 1971. O último trabalho de Chaplin foi a trilha
sonora para o filme A Woman of Paris (1923), concluída em 1976, época em que Chaplin
estava extremamente frágil, encontrando até mesmo dificuldades de comunicação.
Prêmios competitivos
Charlie Chaplin (a direita) recebendo o Óscar do filme Luzes da Ribalta (1952) de Jack Lemmon (esquerda) em 1972. |
Em 1972, Chaplin ganhou o Oscar de Melhor
Trilha Sonora pelo
filme Luzes da Ribalta, de 1952, que também foi um grande sucesso.
O filme foi co-estrelado por Claire Bloom e também contou com a participação de Buster Keaton, sendo esta a única vez em que os dois grandes
comediantes apareceram juntos. Devido às perseguições políticas contra Chaplin,
o filme não chegou a ser exibido durante uma única semana em Los Angeles quando foi originalmente lançado. Este critério de
nomeação era desconsiderado até 1972.
Chaplin também foi indicado ao Oscar de Melhor
Roteiro Original e Melhor Ator em O Grande Ditador em 1940, e
novamente por Melhor Roteiro Original em Monsieur Verdoux em
1948. Durante seus anos ativos como cineasta, Chaplin expressava desprezo pelos
Oscars; seu filho descreve que ele provocou a ira da Academia ao deixar seu
Oscar de 1929 ao lado da porta, para não deixá-la bater. Isto talvez explique
porque Luzes da Cidade e Tempos Modernos, considerados por várias enquetes como
dois dos melhores filmes de todos os tempos, nunca foram indicados a um único Oscar.
Prêmios honorários
Na 1ª Entrega dos Prêmios da Academia em 16 de maio de 1929, os procedimentos de votação
da auditoria ainda não tinham sido postos em prática, e as categorias eram
ainda muito fluidas. Chaplin havia sido originalmente indicado ao Oscar de
Melhor Ator e de Melhor Diretor
de um Filme de Comédia pelo
seu filme O Circo, mas seu nome foi retirado quando a Academia
decidiu dar-lhe um prêmio especial "pela versatilidade e genialidade em
atuar, escrever, dirigir e produzir O Circo". O outro filme
que recebeu um prêmio especial naquele ano foi The Jazz Singer.
O segundo Oscar Honorário de Chaplin veio quarenta e quatro anos mais tarde,
em 1972, e foi pelo "efeito incalculável que ele teve em tornar os filmes
a forma de arte deste século". Ele saiu de seu exílio para receber esse
prêmio, e recebeu a mais longa ovação em pé da história do Oscar, com uma
duração total de dez minutos. Chaplin também aproveitou seu breve e triunfante
retorno aos Estados Unidos para discutir como seus filmes seriam relançados e
comercializados.
Relacionamentos amorosos e
casamentos
Charles Chaplin junto com sua última esposa, Oona O'Neill e seus seis filhos em 1961. |
Em 23 de outubro de 1918, Chaplin
casou-se aos 28 anos de idade com Mildred Harris, que tinha então 16 anos. Tiveram um filho nascido
deformado, que morreu três dias após o nascimento. Divorciaram-se em 1920 por
conta de tudo que sofreram pelo filho.
Mais tarde, Chaplin namorou por anos
Peggy Hopkins Joyce. O relacionamento que teve com Joyce inspirou Chaplin a
fazer o filme Uma mulher de Paris.
Aos 35 e sozinho, apaixonou-se por
Lita Grey, que tinha apenas 16 anos, durante as preparações de The Gold Rush. Mesmo ela sendo muito jovem, casaram-se em 26 de Novembro de 1924, no México, quando ela
ficou grávida. Tiveram dois filhos, Charles Chaplin
Júnior e Sydney. Divorciaram-se em 1926,
por causa de brigas. Nessa época a fortuna de Chaplin chegou a incríveis
825.000 dólares.
Passado os anos, Chaplin casou-se
secretamente aos 47 anos com Paulette Goddard, de 25 anos, em Junho de 1936. Depois de alguns anos
felizes, este casamento também terminou em divórcio, em 1942, devido a problemas conjugais.
Após a separação, Chaplin
namorou Joan Barry, atriz de 22 anos. Esta relação durou anos e terminou
quando Barry começou a perturbá-lo, pois ele não a quis mais e ela
constantemente perseguia-o com ciúmes. Em Maio de 1943, ela informou a Chaplin
que estava grávida e exigiu que ele assumisse a paternidade. Ele tinha certeza
que não era o pai, pois ela teve outros homens durante a separação. Então,
exames comprovaram que Chaplin não era o pai, porém na época, os exames não
eram muito válidos e a lei exigia que, por ele ter sido o último parceiro com
quem ela apareceu em público, a lei entendia que mesmo ele não sendo o pai
biológico, teria que assumir a paternidade, mesmo sem ser no cartório, e ele
foi obrigado a custear as despesas da criança e se viu forçado a pagar 75
dólares por semana até que o filho completasse 21 anos.
Tempos depois, conheceu Oona
O'Neill, filha do dramaturgo Eugene O'Neill. Se apaixonaram rapidamente e casaram-se em 16 de Junho de 1943. Ele tinha 54
anos enquanto ela somente 18, mas a enorme diferença de idade não influenciou
em nada o bom relacionamento. Este casamento foi longo e feliz. Oona, mesmo
sendo ainda muito jovem, deu oito filhos a Charlie, o que o deixou em completa
felicidade. O amor era tão grande que Charlie ficou com ela até sua morte, e
Oona cuidou dele no fim de sua vida.
Cavalaria
Chaplin foi incluído na Lista de Honras
do Ano Novo em 1975. No dia 4 de março, com 85 anos, foi nomeado Cavaleiro
Comandante do Império Britânico (KBE) pela Rainha Elizabeth
II. A honra foi proposta originalmente em
1931, mas não foi realizada devido à controvérsia de Chaplin não ter servido
na Primeira Guerra
Mundial. O título de
cavaleiro foi proposto novamente em 1956, mas foi vetado pelo então
governo conservador com receio de prejudicar sua relação com os Estados
Unidos no auge da Guerra Fria e na invasão de Suez planejada para aquele ano.
Morte
A saúde de Chaplin começou a declinar lentamente no final
da década de 1960, após a conclusão do filme A Countess from
Hong Kong, e
mais rapidamente após receber seu Oscar Honorário em 1972. Por volta de 1977, já tinha dificuldade
para falar, e começou a usar uma cadeira de rodas. Chaplin morreu dormindo aos 88 anos de idade em
consequência de um derrame cerebral, no Dia de Natal de 1977 em Corsier-sur-Vevey, Vaud, Suíça,, fez-se um pequeno funeral anglicano privativo dois dias depois, como era de seus desejos, e foi enterrado no cemitério comunal.
No dia 1º de março de 1978,
seu cadáver foi roubado da sepultura,
com caixão e tudo, por dois imigrantes desempregados - o polonês Roman
Wardas e o búlgaro Gantcho Ganev - na tentativa de extorquir dinheiro
de sua viúva Oona O'Neill. Dois meses depois, uma grande operação policial
capturou os dois criminosos, o caixão foi encontrado enterrado num campo
em Noville, um vilarejo próximo, perto do Lago Léman, e novamente enterrado em Corsier-sur-Vevey, mas desta
vez a família mandou fazer um tampão de concreto de
6 pés (1,80 metro) de espessura protegendo o caixão do cineasta,
para evitar novos problemas. No mesmo cemitério, há uma estátua de
Chaplin em sua homenagem.
Em 1991, sua quarta e última
esposa, Oona O'Neill, faleceu e foi sepultada ao lado do cineasta.
Religião
Apesar de ser batizado pela Igreja da Inglaterra, Chaplin sempre declarou-se agnóstico. Entretanto, algumas de suas frases e pensamentos citam "Deus",
embora pelo conceito hermético,
admitem-se as citações como uma metáfora aludindo à potencialidade divina de
cada indivíduo – sobretudo por ter declarado publicamente em diversos momentos
não seguir alguma religião.
Outras controvérsias
Durante a Primeira Guerra
Mundial, Chaplin foi
criticado pela imprensa britânica por não ter se alistado ao exército. Na
verdade, ele se apresentou ao serviço militar, mas foi recusado por estar
abaixo da altura e peso exigidos para alistamento. Chaplin levantou fundos
substanciais durante a época de venda de bônus de guerra, não só discursando publicamente em comícios,
mas também ao produzir, com seu próprio orçamento, The Bond, um filme-propaganda de comédia usado em 1918. A
persistente controvérsia provavelmente impediu Chaplin de receber o título de
cavaleiro em 1930.
Durante toda a carreira de Chaplin,
alguns níveis de controvérsia existiram a respeito de sua suposta ascendência judaica.
Propagandas nazistas das décadas de 1930 e 1940 retratavam-no como judeu
(chamado-o de "Karl Tonstein" ou "Israel Thonstein"), com base em artigos publicados pela imprensa dos Estados Unidos, e as investigações do FBI no final da década de
1940 também se concentraram nas origens étnicas de Chaplin. Não há documentos
que comprovam a ascendência judaica de Chaplin. Durante sua vida pública, ele
recusou-se ferozmente em contestar ou negar as afirmações de que ele era judeu,
dizendo que sempre iria "jogar diretamente nas mãos dos anti-semitas." Embora Chaplin tenha sido batizado na Igreja da Inglaterra, creditou-se durante a maior parte de sua vida como
um agnóstico.
O fato de Chaplin sentir atração por mulheres mais jovens continua a ser outra fonte de interesse para
alguns. Seus biógrafos atribuem isto a uma paixão adolescente com Hetty Kelly,
que conhecera no Reino Unido durante suas apresentações no music hall,
e que possivelmente definiu o seu ideal feminino. Chaplin gostava de descobrir
jovens atrizes e orientá-las de perto; com exceção de Mildred Harris, todos os
seus casamentos e a maioria dos seus principais relacionamentos amorosos
começaram desta maneira.
Comparação com outros comediantes da época
Desde a década de 1960, os filmes de
Chaplin têm sido comparados com os de Buster Keaton e Harold Lloyd, os outros dois grandes comediantes do cinema mudo. Os
três tinham estilos diferentes: Chaplin tinha uma forte afinidade com
sentimentalismo e pathos, Lloyd era conhecido pelo seu "personagem
comum" e seu otimismo típico da década de 1920 e Keaton sempre
demonstrava estoicismo com um tom cínico.
Historicamente, Chaplin foi pioneiro na comédia cinematográfica, e ambos os jovens Keaton e Lloyd inspiraram-se em seu
trabalho. Na verdade, os primeiros personagens de Lloyd, "Willie
Work" e "Lonesome Luke", eram óbvias imitações de Chaplin, algo
que Lloyd reconhecia e se esforçou para afastar. O período de experimentação de
Chaplin terminou após sua estadia na Mutual, pouco antes de Keaton ingressar no
ramo do cinema.
Comercialmente, Chaplin produziu
alguns dos filmes de maior bilheteria da era do cinema mudo; The Gold Rush é o quinto com 4,25 milhões de dólares,
e O Circo é o sétimo com 3,8 milhões. No entanto, os filmes
de Chaplin juntos arrecadaram aproximadamente 10,5 milhões de dólares, enquanto
Harold Lloyd arrecadou 15,7 milhões, visto que Lloyd foi muito mais prolífico,
lançando doze longas-metragens na década de 1920, enquanto Chaplin lançou
apenas três. Os filmes de Buster Keaton não foram tão bem sucedidos
comercialmente como os de Chaplin ou Lloyd, mesmo no auge de sua popularidade,
e só começou a receber elogios da crítica no final das décadas de 1950 e 1960.
Além de uma saudável rivalidade
profissional, Chaplin e Keaton pensavam muito um no outro. Keaton afirmou em
sua autobiografia que Chaplin foi o maior comediante que já viveu, e
o maior diretor de filmes de comédia. Chaplin também admirava Keaton, tanto que
o recebeu de braços abertos na United Artists em 1925, aconselhou-o contra sua mudança desastrosa
para a Metro-Goldwyn-Mayer em 1928 e, em seu último filme
norte-americano, Limelight, escreveu uma parte especialmente para Keaton como seu
primeiro parceiro de comédia desde 1915.
Legado
·
O
Vagabundo é provavelmente o personagem mais imitado em todos os níveis de
entretenimento.
·
De
1917 a 1918, o ator de cinema mudo Billy West fez mais de 20 filmes imitando meticulosamente O
Vagabundo, com maquiagem e figurino.
·
No
filme indiano Punnagai Mannan, Kamal Haasan inspirou-se em Chaplin para construir o personagem
"Chaplin Chellappa".
·
Em
1978, uma canção intitulada "Charlie Chaplin representou a Grécia no Festival Eurovisão
da Canção 1978 e
na qual a cantora Tania Tsanaklidou fala-nos sobre Chaplin
·
Em
1985, Chaplin foi homenageado com sua imagem em um selo postal do Reino Unido, e em 1994 ele apareceu em um selo dos Estados Unidos, desenhado por caricaturista Al Hirschfeld.
·
Na
década de 1980, a IBM produziu
uma série de comerciais com um imitador de Chaplin para divulgação de
seus computadores.
·
John Woo dirigiu uma paródia do
filme The Kid, intitulado Hua ji shi dai (1981), também conhecido como Laughing Times.
· O asteróide 3623 Chaplin, descoberto pela astrônoma soviética Lyudmila
Georgievna Karachkina em
1981, foi batizado em homenagem a Chaplin.
·
Em
1992, foi feito um filme sobre a vida de Charlie Chaplin, intitulado Chaplin, dirigido por Richard Attenborough e estrelado por Robert Downey Jr. e Geraldine Chaplin, a filha de Chaplin na vida real, interpretando sua
própria avó. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Ator (Downey Jr.), Melhor Direção
de Arte e Melhor Trilha
Sonora.
·
Em
2001, o comediante britânico Eddie Izzard interpretou Chaplin no filme The Cat's Meow, de Peter Bogdanovich, que especula sobre o caso ainda não resolvido da morte
do produtor cinematográfico Thomas Ince durante uma festa em um iate bancada
por William Randolph
Hearst, na qual Chaplin era um dos convidados.
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