A Batalha do Rio da Prata foi a
primeira grande batalha naval da Segunda Guerra Mundial, foi travada entre
as marinhas inglesa e alemã. O combate aconteceu no Atlântico Sul em 13 de
dezembro 1939, próximo ao estuário do rio da Prata.
Em 21 de agosto de 1939, o Admiral Graf Spee deixou o porto de Wilhelmshaven (Alemanha),
na costa do mar do Norte, com ordens secretas de atacar a
navegação comercial no Atlântico Sul. As quais deveriam ser executadas, após a
declaração oficial de guerra. A estratégia de Adolf Hitler faria
com que antes da declaração de guerra o navio pudesse navegar em águas
internacionais sem problema. Com esta estratégia, quando a declaração fosse
feita o navio já estaria abaixo da linha do
Equador. Durante três semanas, o navio navegou em oceano aberto a
leste do Brasil. Finalmente em 20 de setembro de 1939, o Admiral Graf Spee foi
liberado para executar suas ordens.
As ordens seriam para que o encouraçado pudesse atacar
como um corsário, nos locais mais inesperados a fim de manter as esquadras
aliadas dispersas, principalmente a Home Fleet,
facilitando o desenvolvimento de outras ações navais contra a Inglaterra.
Neste contexto, o Graf Spee ficou com o sul do Equador
como zona de operações, ficando o Deutschland com o
Atlântico Norte.
Ataques
Em 30 de setembro de 1939, o Graf Spee começou a sua
caçada, afundando o cargueiro Clement, na altura de Alagoas.
Logo após o encouraçado abandonou a área, dirigindo-se ao meio do oceano. Em 7
de outubro de 1939, afundou duas embarcações britânicas, o Newton Beach e
o Ashlea. Em 10 de outubro, afundaria o Huntsman e
o Trevasnion em 22 de outubro de 1939. Todos os marinheiros
capturados eram trazidos a bordo e logo após o encouraçado abandonava área como
de costume. O fato de tantos navios não chegarem aos portos levantou a suspeita
da Marinha Britânica, que emitiu um aviso de
alerta a todas as embarcações que navegavam no Atlântico Sul.
Logo o capitão Hans
Langsdorff, marinheiro experiente, utilizaria táticas de pirataria
para confundir o inimigo. Entre estas técnicas, estava a modificação da
aparência do navio, com falsas placas de madeira e lonas, criando estruturas
diferentes das de um navio de guerra. A pintura de nomes e utlização de bandeiras
confundiam os navios comerciais, tomando-o como um navio mercante. Uma destas
modificações fazia com que parecesse com seu irmão gêmeo, o Deutschland,
que deveria a estar operando no Atlântico Norte. Isto confundiu a armada
britânica várias vezes.
Desta forma a Marinha Britânica, destacou para o
Atlântico Sul a Força de Caça G, com a finalidade de proteger os navios que
operavam principalmente na região do rio da Prata.
Local que era responsável por 40% dos produtos primários embarcados ao Reino Unido.
Esta força era composta por dois cruzadores pesados ( Cumberland e o Exeter ) e
dois cruzadores leves (Acilles e o Ajax).
Esta força-tarefa, seria chefiada pelo comodoro inglês Henry Harwood,
tendo como navio-capitânia do HMS Exeter, e como base Port Stanley,
nas ilhas Malvinas
Em 2 de dezembro de 1939, o cargueiro Doric
Star foi capturado ao largo da costa da África. Porém, antes,
conseguiu emitir o sinal de rádio "RRR" (ataque de corsário),
indicando que estava sob ataque do Graf Spee. Quando o comodoro Harwood, da
Força de Caça "G", composta pelo Achilles, Ajax e Exeter,
recebeu as notícias do Doric Star, concluiu que o Graf Spee a
seguir cruzaria o Atlântico Sul em direção à América do Sul, para evadir-se à
perseguição que certamente se seguiria. Harwood sempre acreditara que, cedo ou
tarde, o comandante Langsdorff seguiria para a área do rio da Prata, para tirar
vantagem do intenso tráfego mercante dos portos de Buenos Aires e Montevideo. A
seguir emitiu ordens para que a Força G viesse a concentrar-se nas imediações
do rio da Prata.
A marinha inglesa sabia que o Graf Spee não resistiria à
tentação ao grande número de navios mercantes que demandavam do centro
comercial do rio da Prata e deslocou três cruzadores no seu encalço: o Ajax,
o Achilles e o Exeter, ficando ainda o Cumberland como
reserva nas ilhas Malvinas (Falklands), complementando um conserto.
A batalha
Após o último encontro com o seu reabastecedor, o
navio-tanque Altmark, o Graf Spee ( 6 de dezembro) seguiu para o
rio da Prata, onde fez a sua última presa, o Streonshalh.
Durante a noite de 12 de dezembro os navios ingleses
iniciaram sua tática para um possível confronto, navegariam em formação
cerrada, onde teriam contato visual e na eventualidade de um ataque, concentrar
seu poder de fogo. Outro fato seria: ao amanhecer navegar a favor do sol para
dificultar a visibilidade do navio alemão, que teria o sol de proa. A marinha
britânica sabia que num confronto direto com o cruzador alemão, sairiam
perdendo. Devido ao alto poder de fogo de seus canhões de 280 mm (11 pol.
x 6) os quais enviabilizava qualquer confronto direto a curta distância.
O Exeter era o único cruzador pesado, da
classe York, que tinha como armamento principal seis canhões de
203 mm e secundário de oito canhões de 102 mm, os cruzadores leves
posuiam canhões de 152 mm. Diante disto Harwood sabia que seria difícil
causar danos a superestrutura de um encouraçado, então sua estratégia seria
dividir a atenção do Graf Spee. O Ajax e o Achilles iriam
por um lado e o Exeter atacaria por outro, dificultando a
concentração dos alemães, em responder ao ataque.
Em 13 de dezembro, o vigia do Graff Spee às 06:00 da
manhã avistou duas antenas no horizonte, e enviou o alerta, logo, toda a
tripulação tomou os postos de combate. Esta informação parecia confirmar que
era um barco comercial britânico. Mas minutos mais tarde quando o sol já estava
mais alto, foi possível identificar que realmente se tratava de três barcos de
guerra britânicos. A demora na identificação por parte do Graf Spee permitiu a
aproximação dos ingleses, ficando desta forma ao alcance de todos os seus
canhões e, muito importante, ficandou abaixo do ângulo de tiro dos poderosos
canhões de 280 mm do Spee.
Afundamento do Graf Spee |
As 06:17 o Spee disparou contra o Exeter,
pois sabia ser o mais poderoso da frota. Logo a seguir o Exeter devolveu a
salva com uma sequência de disparos. Enquanto o combate inicial era travado
entre os grandes navios, os cruzadores leves, mais rápidos, iniciaram a manobra
de pinça, tentando cercar o cruzador alemão entre dois flancos. Esta manobra
visava dividir a artilharia do Spee, dificultar o enquadramento dos seus
disparos e, principalmente dificultar os cálculos dos disparos.
Uma sequência de disparos dos navios ingleses, atingiram
o Spee acima da linha de flutuação, abrindo um enorme rombo no casco, além de
diversos outros danos. Umas das opções do capitão do Spee foi manter o Exeter
sob fogo dos canhões de 280mm e concentrar o fogo dos canhões de 105 mm
nos cruzadores leves. Manobra difícil de ser executado, principalmente em
movimento de aproximação. Após a primeira parte da batalha o Exeter ficou fora
de combate, pois o sistema de direcionamento de tiro e as torres dos canhões de
maior calibre haviam sido danificados. Sem alternativa, o Exeter abandona o
campo de batalha em meio a uma nuvem de fumaça utilizado para camuflagem.
Ficando desta forma em combate somente os cruzadores leves e o Spee.
Às 07:00 da manhã o Graf Spee, sob fogo cerrado,
repentinamente abandona a zona de combate. O que se seguiu após este evento,
permanece até hoje como um dos maiores mistérios da Segunda Guerra Mundial. Historiadores
militares, declaram que o Graf Spee, embora avariado tinha condições de combate
frente aos cruzadores leves, pois seus poderosos canhões ainda disparavam. No
entanto a decisão do Capital Hans Langsdorff foi a de refugiar-se no porto de Montevidéu para
efetuar reparos. O Uruguai, bem como os demais países latino-americanos estavam
neutros na guerra, o que permitiria que qualquer barco com problemas
solicitasse permissão para atracar e realizar reparos.
Desta forma, o navio atracou no porto solicitando
conserto. O que se seguiu a partir daí, foi uma sequência de fatos que até hoje
permanece envolta em mistério.
Não conseguindo os reparos necessários e pressionado pela
política internacional, o comandante foi obrigado a deixar o porto. Mas a
armada inglesa estava a sua espera na saída do estuário e assim que deixasse
águas territoriais uruguaias ele seria novamente atacado. Desta forma, o
capitão Langsdorff deu ordens de afundar o navio, o que se fez logo na saída do
estuário.
O capitão e sua tripulação se dirigiram então à
Argentina, país com grande concentração de imigrantes alemães o que
possibilitaria auxilio. Então, na tarde de 19 de dezembro de 1939, após
enterrar seus mortos e encaminhar os feridos ao hospital, o capitão se
suicidou.
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