Antônio Vicente
Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894 — São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais
importantes cantores brasileiros do século XX
Nasceu no bairro de Santa Teresa, filho de italianos da Calábria.Teve
onze irmãos, dos quais seis homens. Cinco dedicaram-se ao canto e um ao teatro (Amadeu Celestino).
Desde os 8 anos, por causa de sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar
como: sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa
indústria de calçados.
Começou cantando
para conhecidos e era fã de Enrico Caruso.
Antes do teatro cantava muito em festas, serenatas e chopes-cantantes. Estreou
profissionalmente cantando a valsa Flor do Mal no teatro São José e fez muito sucesso e,
também, entrou no seu primeiro disco vendendo milhares de cópias em 1915 na Odeon (Casa
Edison).
Em 1920 montou uma
companhia de operetas, mas sem nunca deixar o carnavalesco de
lado, emplacando sucessos como Urubu Subiu. Rapidamente, depois de
oportunidade no teatro, alcançou renome. Formou companhias de revistas e
operetas com atrizes-cantoras, primeiro com Laís Areda e depois com Carmen
Dora. As excursões pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e só fizeram aumentar
sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo da canção. Vicente
Celestino teve uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros.
Quando morreu, às vésperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em São Paulo,
estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa
gafieira "Pérola Negra", que seria gravado para um programa de
televisão.
Na fase mecânica de
gravação, fez cerca de 28 discos com 52 canções. Com a gravação elétrica, em
1927, sentiu uma certa inaptação quanto ao rendimento técnico, logo superada.
Aí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil. Em 1935 foi contratado
pela RCA VICTOR, praticamente daí sua única gravadora até falecer. No total,
gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 músicas, mais dez compactos e 31
LPs, nestes também incluídas reedições dos 78 RPM.
Vicente Celestino,
que tocava violão e piano, foi o compositor inspirado de muitas das suas
criações. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme
público: O Ébrio (1946), que foi transformada
em filme por sua esposa, e Coração Materno (1951). Neles Vicente
foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904
- 1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.
Celestino passaria
incólume por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50,
fiel ao seu estilo, gravou "Conceição", "Creio em Ti" e
"Se Todos Fossem Iguais a Você". Seu eterno arrebatamento, paixão e
inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como A Voz
Orgulho do Brasil.
Em 1965, recebeu o
título de Cidadão Paulistano pela Câmara de Vereadores desta cidade. No dia 23
de agosto de 1968, quando se preparava para gravar um programa de televisão,
onde seria homenageado pelo Movimento Tropicalista, passou mal no quarto do
Hotel Normandie, em São Paulo, falecendo do coração minutos depois. Seu corpo
foi transferido para o Rio de Janeiro, onde foi velado por uma multidão na
Câmara dos Vereadores e sepultado sob palmas do público no Cemitério de São João Batista no
Rio de Janeiro.
Nunca saiu do Brasil e
manteve sua voz grave que era marca registrada independente do estilo musical
que estava executando. Teve suas músicas regravadas por grandes nomes, como Caetano Veloso, Marisa Monte e Mutantes.
Em 1999 foi
inaugurado em Conservatória o Museu Vicente Celestino, com
acervo em sua maior parte doado pela família do artista, incluindo fotografias,
recortes de jornais e revistas, instrumentos musicais, roupas e objetos
pessoais do cantor, inclusive o figurino utilizado no filme O Ébrio.
Os visitantes do museu também podem assistir a vídeos e ouvir gravações do
artista.
Acompanhe abaixo a
poética e romântica letra de um de seus maiores sucessos, “O Despertar da
Montanha”
A noite cai em agonia
surgem os primeiros raios na
moldura
No horizontes iniciam seus
ensaios
Doura-se o monte e os ramos
que são mais felizes
Porque moram bem no
alto
Logo pintam-se matizes no cimo do planalto
Sai da sombra um novo dia e a luz da madrugada
acorda suavemente os passarinhos
Sem querer assustar os que sonham nos ninhos
depois vai saudar os velhos troncos e as folhagens
E gritos,pios, uivos,guinchos, roncos
em acordes selvagens iniciam a alvorada
E nesses campos sob o sol da manhã
Em linda festa pagã,
escorre a vida cheia de impulsos cantos
Que transborda numa chuva de cores
e entre os vales sonhadores
a montanha acorda
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