Simone de Beauvoir em 14 de março de 1967 |
Conheça uma das mais importantes mulheres no Seculo 20, Simone de
Beauvoir.
Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir (francês: Paris, 9 de janeiro de 1908 — Paris, 14 de abril de 1986), foi uma escritora, intelectual, filósofa existencialista,
ativista política, feminista e teórica social francesa.
Embora não se considerasse uma filósofa, De Beauvoir teve uma influência
significativa tanto no existencialismo feminista quanto na teoria feminista.
Nascida
em Paris,
era a primogênita de duas irmãs, filha de um casal descendente
de famílias tradicionais, porém decadente. Seu pai era o advogado Georges
Bertrand de Beauvoir, ex-membro da aristocracia francesa,
enquanto a mãe era Françoise Brasseur, membro da alta burguesia francesa.
Ela estudou em uma escola católica privada até os 17 anos. Depois de passar
no vestibular de matemática e
filosofia, acabou por estudar matemática no Instituto Católico de Paris e literatura e
línguas no colégio Sainte-Marie de Neuilly, e em seguida, filosofia na Universidade de Paris (Sorbonne),
onde conheceu outros jovens intelectuais, como Maurice Merleau-Ponty, René Maheu e Jean-Paul Sartre,
com quem manteve um relacionamento aberto por toda a vida.
De
Beauvoir escreveu romances, ensaios, biografias, autobiografia e monografias sobre
filosofia, política e questões sociais. Ela é conhecida por seu tratado O Segundo Sexo,
de 1949, uma análise detalhada da opressão das
mulheres e um tratado fundamental do feminismo contemporâneo,
além de seus romances A Convidada e Os Mandarins.
Ela lecionou em várias instituições escolares no período entre 1931 a 1943. Nos
anos 1940 ela integrava um círculo de filósofos literatos que conferiam ao
existencialismo um aspecto literário, sendo que seus livros enfocavam os
elementos mais importantes da filosofia existencialista.
A
autora revela certa inquietação diante do envelhecimento e
da morte em
livros como Uma Morte suave, de 1964. Em A Cerimônia do
Adeus, de 1981, ela narra o fim da existência de seu companheiro Sartre,
que havia morrido em 15 de abril do ano anterior. Ela faleceu em 14 de abril de
1986, aos 78 anos de idade, por conta do agravamento de uma pneumonia.
Seu corpo foi enterrado no Cemitério de Montparnasse, no mesmo túmulo
de Sartre.
Juventude
Simone
de Beauvoir era a mais velha das únicas duas filhas de Georges Bertrand de
Beauvoir, um advogado em tempo integral e ator amador, e Françoise Brasseur,
uma jovem de Verdun. Nasceu em Paris como Simone
(então um nome pomposo que seu pai gostava)-Lucie (sua avó materna)-Ernestine
(seu avô paterno, Ernest-Narcisse)-Marie (pela Virgem Maria)
Bertrand de Beauvoir (ela foi orientada enquanto criança a dar seu nome como
simplesmente "Simone de Beauvoir"). Era uma criança atraente,
mas mimada, teimando em obter o que queria, tendo sido o centro das atenções da
sua família. A mãe não foi uma grande costureira, e as roupas que costurou
eram mal ajustadas. Ao crescer, Beauvoir não tinha amigos além da
irmã Poupette, que era dois
anos e meio mais nova e de quem ela era próxima.
Nº 24 da rua Cels, em Paris, onde de Beauvoir viveu durante a guerra |
Em
1909, o avô materno de De Beauvoir, Gustave Brasseur, presidente do Banco
Meuse, faliu, jogando toda a sua família na desonra e pobreza. Georges não
recebeu o dote devido,
por casar-se com Françoise, e a família teve que se mudar para um
apartamento menor. Ele então teve de voltar ao trabalho, embora isto não
lhe agradasse. A família lutou durante toda a infância das meninas para
manter seu lugar na alta burguesia, e
Georges dizia frequentemente: "Vocês, meninas, nunca se vão casar, porque
vocês não terão nenhum dote".
De
Beauvoir sempre esteve consciente de que seu pai esperava ter um filho, ao
invés de duas filhas. Ele
afirmava, "Simone pensa como um homem!" o que a agradava muito, e
desde pouca idade a filósofa distinguiu-se nos estudos. Georges passou seu amor
pelo teatro e pela literatura para sua filha. Ele
ficou convencido de que somente o sucesso acadêmico poderia tirar as filhas da
pobreza. (Hélène
tornou-se uma pintora.)
Educação
Universidade de Paris. |
A
autora tornou-se uma adolescente desajeitada, dedicada completamente aos livros
e à aprendizagem, e preferiu ignorar os desportos porque ela não era nada
atlética. Ela
e sua irmã foram educadas no Institut Adeline Désir, ou
Cour Désir, uma
escola católica para meninas, algo que era desprezado pelos intelectuais da
época. As escolas católicas para meninas eram vistas como lugares onde as
jovens aprendiam uma das duas alternativas abertas às mulheres: casamento ou
um convento. Sua
mãe, que Simone considerava uma intrusa espiando cada movimento seu, frequentava
as aulas com elas, sentada atrás das meninas, como se esperava que a maioria
das mães fizessem. Lá,
a filósofa conheceu sua melhor amiga, Elisabeth Le Coin (ZaZa nas suas
memórias), que influenciou de forma definitiva a personalidade de Simone. Simone
adorou a escola e se formou em 1924 com "distinção".
Aos
15 anos de idade, De Beauvoir já havia decidido que seria uma escritora.
Jacques Champigneulle tornou-se seu mentor intelectual e amigo, aquele que sua
mãe esperava que iria se casar com ela. Geraldine
Paro (GéGé) e Estepha Awdykovicz (Stépha) tornaram-se suas amigas.
Depois
de passar no vestibular em matemática e filosofia, estudou matemática no Instituto Católico de Paris e literatura e
línguas no colégio Sainte-Marie de Neuilly (outra escola católica), e em
seguida, filosofia na Universidade de Paris (Sorbonne). Em 1929,
quando na Sorbonne, a autora fez uma apresentação sobre Leibniz.
Lá, ela conheceu muitos outros jovens intelectuais, incluindo Maurice Merleau-Ponty, René Maheu e Jean-Paul Sartre.
Enquanto na Sorbonne, Maheu deu a de Beauvoir o apelido que lhe acompanharia ao
longo da vida, Castor, dado a ela por causa do forte trabalho ético
do animal. Em
1929, com 21 anos de idade, a filósofa se tornou a pessoa mais jovem a ser
aprovada no Agrégation em filosofia[nota 1],
e a nona mulher a obter este grau. No exame final, ficou em segundo lugar;
Sartre, com 24 anos de idade, foi o primeiro (ele havia sido reprovado em seu
primeiro exame). O júri do Agrégation discutiu sobre a possibilidade de dar a
Sartre ou a Beauvoir o primeiro lugar na competição. No final, o concederam a
Sartre.
Sua
amizade com Elizabeth Mabille ("Zaza") foi abruptamente
rompida com a morte precoce de Zaza. Simone narrou esse episódio de sua vida,
posteriormente, em seu primeiro livro autobiográfico, Memórias de uma
moça bem-comportada, em que critica os valores burgueses.
Principais
obras
As
suas obras oferecem uma visão sumamente reveladora de sua vida e de seu tempo.
Em seu primeiro romance, A convidada (1943), explorou os
dilemas existencialistas da liberdade,
da ação e da responsabilidade individual, temas
que abordou igualmente em romances posteriores como O sangue dos outros (1944)
e Os mandarins (1954), obra pela qual recebeu o Prêmio Goncourt e que é considerada a sua
obra-prima.
Simone no Café de Flore, em Paris, em 1950 |
As
teses existencialistas, segundo as quais cada pessoa é responsável por si
própria, introduzem-se também em uma série de quatro obras autobiográficas,
além de Memórias de uma moça bem-comportada (1958),
destacam-se A força das coisas (1963) e Tudo dito e
feito (1972).
Entre
seus ensaios críticos cabe destacar O segundo sexo (1949), uma profunda
análise sobre o papel das mulheres na sociedade; A Velhice (1970), sobre o
processo de envelhecimento, onde teceu críticas apaixonadas sobre a atitude da
sociedade para com os anciãos; e A cerimônia do adeus (1981),
onde evocou a figura de seu companheiro de tantos anos, Sartre.
Sartre
e de Beauvoir sempre liam o trabalho do outro. Ainda há um debate sobre a
medida em que um influenciou o outro em suas obras existencialistas, como O Ser e o Nada,
de Sartre, e A Convidada, de De Beauvoir. No entanto, estudos
recentes focam o trabalho da escritora em outras influências além de Sartre,
como Hegel e Leibniz.
A
Convidada
De
Beauvoir publicou seu primeiro romance, A Convidada, em 1943. A
obra é uma crônica ficcional sobre o relacionamento
sexual que ela e Sartre mantiveram com as irmãs Olga e Wanda Kosakiewicz. Olga
era uma de suas alunas na escola secundária em Ruão,
onde De Beauvoir lecionou. Ela se
apaixonou por Olga. Sartre tentou persuadir
Olga, mas ela negou interesse, então ele começou um relacionamento com sua
irmã, Wanda. Até sua morte, Sartre ainda sustentava Wanda. Ele também sustentou
Olga durante anos, até que ela conheceu e casou-se com Jacques-Laurent Bost,
amante de De Beauvoir.
Residência onde de Beauvoir viveu em Paris de 1955 até a sua morte, em 1986. |
O romance metafísico A
Convidada foi seguido por muitos outros, incluindo O Sangue
dos Outros, que explora a natureza da responsabilidade individual, contando
uma história de amor entre dois estudantes franceses jovens que participam
da resistência francesa na Segunda Guerra
Mundial.
Les Temps
modernes
No
final da Segunda Guerra Mundial, De Beauvoir e Sartre
editaram o Les Temps modernes, uma revista política
que Sartre fundou, juntamente com Maurice Merleau-Ponty e outros. De
Beauvoir usou a Les Temps modernes para promover seu trabalho
e explorar suas ideias em pequena escala antes de criar seus primeiros ensaios
e livros. De Beauvoir permaneceu como editora da publicação até sua morte.
Ética existencialista
Em
1944, de Beauvoir escreveu seu primeiro ensaio filosófico, Pirro
et Cineas, uma discussão sobre a ética existencialista. Ela continuou sua
exploração do existencialismo no seu segundo
ensaio, A Ética da Ambiguidade, (1947), que talvez seja a entrada
mais acessível para o existencialismo francês, visto que sua simplicidade deixa
a obra compreensível. No ensaio, de Beauvoir apura algumas inconsistências que
muitos, incluindo Sartre, têm encontrado nas principais obras existencialistas,
como em O Ser e o Nada. Em A Ética da
Ambiguidade, de Beauvoir enfrenta o dilema existencialista da liberdade
absoluta ante as restrições das circunstâncias.
Sexualidade, feminismo e O
Segundo Sexo
O Segundo Sexo, publicado em francês, apresenta um
existencialismo feminista que prescreve uma revolução moral. Como uma
existencialista, de Beauvoir acreditava que a existência precedia a essência e,
portanto, não se nasce mulher, torna-se. Sua análise foca no conceito hegeliano do "Outro". É a construção social da mulher como
a quintessência dos "Outros" que de Beauvoir identifica como
fundamental para a opressão das mulheres. O 'O' maiúsculo em "outros"
indica "todos os outros". De Beauvoir afirmava que as mulheres são
tão capazes de escolher quanto os homens e que, portanto, podem optar por elevar-se,
movendo-se para além da "imanência",
a qual eram anteriormente resignadas, para alcançarem a "transcendência", uma posição em que
um indivíduo assume a responsabilidade para si e para o mundo, onde se escolhe
sua liberdade.
De Beauvoir em 1968 |
Os
capítulos de Le deuxième sexe (traduzido como O
Segundo Sexo) foram originalmente publicados na Les Temps Modernes, em
junho de 1949. O segundo volume veio poucos meses depois do primeiro publicado
na França. O
livro foi muito rapidamente publicado nos Estados Unidos com
o título O Segundo Sexo, devido à rápida tradução feita por Howard
Parshley, conforme solicitado por Blanche Knopf, esposa do editor Alfred A. Knopf. Como
Parshley tinha apenas uma familiaridade básica com a língua francesa e uma compreensão mínima
de filosofia (ele
era professor de biologia na Smith College),
muito do livro de De Beauvoir foi mal traduzido ou inadequadamente editado, o
que distorceu a sua mensagem. Por
anos, Knopf impediu que uma nova tradução mais precisa do trabalho de De
Beauvoir fosse feita, recusando todas as propostas, apesar dos esforços de
estudiosos existencialistas. Somente
em 2009 houve uma segunda tradução, para marcar o 60º aniversário da publicação
original. Constance Borde e Sheila Malovany-Chevallier produziram o primeiro
exemplar em 2010, com o restabelecimento de um terço da obra original.
De
Beauvoir antecipou o feminismo sexualmente carregado de Erica Jong e Germaine Greer.
No capítulo "Mulher: Mito e Realidade", de O Segundo Sexo,
de Beauvoir argumenta que os homens tinham tornado as mulheres o
"Outro" da sociedade através da aplicação de uma falsa aura de
"mistério" em torno delas. Ela argumenta que os homens usam isto como
desculpa para não entender as mulheres ou os seus problemas, ao invés de
apoiá-las. Este estereótipo sempre foi usado por grupos mais altos
na hierarquia social
para estigmatizar grupos inferiores na hierarquia. Ela escreveu que um tipo
similar de opressão hierárquica acontece em outras categorias, como identidade,
raça, classe e religião. De Beauvoir argumenta que os homens estereotipam as
mulheres e usam isto como uma desculpa para organizar a sociedade em
um patriarcado.
Le deuxième sexe (traduzido como O Segundo Sexo) |
Conceitos-chave
do movimento feminista da década de 1970 são
diretamente relacionados às ideias relativas ao gênero como uma construção social,
conforme apresentado por de Beauvoir em O Segundo Sexo. Apesar de
suas contribuições para o feminismo, especialmente para o Movimento de
Libertação das Mulheres, e por suas crenças na independência
econômica feminina e na igualdade de educação entre os sexos, de Beauvoir era
relutante em considerar-se uma feminista. No
entanto, depois de observar o ressurgimento do movimento feminista na década de
1960 e no início dos anos 1970, de Beauvoir afirmou que não acreditava mais que
uma revolução socialista fosse suficiente para
trazer a libertação das mulheres. Ela declarou-se publicamente uma feminista em
1972, em uma entrevista ao Nouvel Observateur.
Os
Mandarins
Publicado
em 1954, Os Mandarins é um romance que se passa logo após o
fim da Segunda Guerra Mundial e ganhou o maior prêmio literário da França,
o Prêmio Goncourt. O livro segue a vida pessoal
dos filósofos e amigos do círculo íntimo de Sartre e De Beauvoir, incluindo seu
relacionamento com o escritor estadunidense Nelson Algren,
a quem o livro foi dedicado.
De Beauvoir, Sartre e Che Guevara em Cuba, 1960. |
Trabalhos
posteriores
De
Beauvoir escreveu diários de viagem populares sobre o tempo que passou
nos Estados Unidos e na China, além de ensaios e
ficções publicadas com rigor, especialmente durante os anos 1950 e 1960. Ela
também publicou vários volumes de contos, incluindo A Mulher Destruída,
o que, como alguns de seus outros trabalhos posteriores, lida com o envelhecimento. De
Beauvoir também escreveu uma autobiografia nomeadamente
em quatro volumes, que consiste em: Memórias de uma filha obediente; O
Melhor da Vida; Força da Circunstância; e Tudo Dito e
Feito.
Na
década de 1970, a filósofa tornou-se ativa no movimento de libertação das
mulheres francesas. Ela assinou o Manifesto das
343, em 1971, uma lista de mulheres famosas que alegavam ter feito
um aborto,
o que na época era ilegal no país. Entre as signatárias estavam Catherine
Deneuve, Delphine Seyrig e a irmã de De Beauvoir,
Poupette. Em
1974, o aborto foi legalizado na França.
Seu
longo ensaio La Vieillesse (A Velhice), de 1970, é um
raro exemplo de uma meditação intelectual sobre o declínio e a solidão que
todos os seres humanos experimentam se não morrerem
antes dos 60 anos de idade.
Em
1980, a obra Quando os Espíritos Vêm Primeiro, um conjunto de
pequenas histórias centradas em torno e com base em mulheres importantes de
anos anteriores, foi publicada. Apesar de ter escrito-a muito antes da
novela A Convidada, na época de Beauvoir não considerou que as
histórias valessem a publicação, permitindo que cerca de 40 anos se passassem
antes de fazer isso.
Idade de
consentimento
De
Beauvoir também questionava a determinação por lei de uma idade de consentimento (a maioridade
sexual legal de um cidadão). Entre 1977 e 1979, enquanto era debatida uma
reforma do código penal no Parlamento da França, vários intelectuais
franceses assinaram petições e
cartas abertas solicitando a despenalização de relações
consensuais entre adultos e menores de 15 anos (então a idade de consentimento
na França).
Sartre e de Beauvoir no Memorial à Balzac |
De
Beauvoir assinou, ao lado de outros intelectuais em geral, uma petição enviada
ao parlamento francês em 1977 pela abolição da idade de consentimento e em prol
da descriminalização do sexo consensual. A
petição foi assinada por 69 personalidades, como os filósofos Louis Althusser, Gilles Deleuze, Jacques Derrida, Michel Foucault, Jean-François Lyotard, Jean-Paul Sartre, André Glucksmann, Roland Barthes,
os escritores Louis Aragon, Catherine Millet e Philippe Sollers,
a pediatra e psicanalista infantil Françoise Dolto, entre outros.[nota 2]
O
documento declarava que há uma desproporção entre a qualificação de tais atos
consensuais como "crime" e a natureza dos fatos pelos quais eles são
acusados, e também uma contradição, visto que na França os adolescentes
eram plenamente responsáveis por seus atos a
partir dos 13 anos.
Vida pessoal
Durante
outubro de 1929, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir se
tornaram um casal e, depois de serem confrontados por seu pai, Sartre a pediu
em casamento.
De Beauvoir e Sartre em Pequim, em 1955 |
Um
dia, enquanto estavam sentados em um banco fora do Louvre,
ele disse: "Vamos assinar um contrato de dois anos". Perto
do fim de sua vida, de Beauvoir afirmou: "O casamento era impossível. Eu
não tinha dote."
Então eles simplesmente mantiveram um relacionamento ao longo da vida.
De
Beauvoir escolheu nunca se casar e não constituiu uma família com Sartre, sendo
que nunca teve filhos. Isto
lhe deu tempo para conquistar um grau acadêmico avançado, para lutar por causas
políticas, para viajar, escrever, ensinar e ter amantes.
Alegações de ex-alunas
Apesar
de De Beauvoir ter tido um relacionamento de longa data com Sartre, ela era
conhecida por ter várias amantes do sexo feminino. A natureza de alguns desses
relacionamentos, alguns dos quais começaram enquanto trabalhava como
professora, o que levou a uma controvérsia biográfica.
Uma
ex-aluna, Bianca Lamblin (originalmente
Bianca Bienenfeld), em seu livro Mémoires d'une jeune fille dérangée,
escreveu que quando era estudante tinha sido abusada por sua professora (De
Beauvoir), que estava em seus trinta anos na época. Em
1943, De Beauvoir chegou a ser suspensa do seu trabalho de ensino, devido a uma
acusação de que em 1939 ela tinha seduzido a aluna Natalie Sorokine, então com
17 anos. Os
pais de Sorokine fizeram acusações formais contra de Beauvoir e, como resultado,
ela teve sua licença para lecionar na França revogada permanentemente.
Ela
e Sartre também teriam desenvolvido um modelo (que eles chamavam de
"trio"), em que de Beauvoir deveria "seduzir" suas alunas
para, em seguida, transferi-las para Sartre.
Final da
vida e morte
Túmulo de Sartre e De Beauvoir no Cemitério de Montparnasse |
Em
1981, ela escreveu La Cérémonie Des Adieux (A Cerimônia de
Adeus), um doloroso relato sobre os últimos anos de Sartre. Na abertura
de Adieux, De Beauvoir observa que é a única grande obra publicada
por ela que Sartre não leu antes de ser publicada.
Depois
de Sartre morrer em 1980, De Beauvoir publicou as cartas que ele a enviou, mas
com edições, para poupar os sentimentos de pessoas em seu círculo social que
ainda estavam vivas. Em 1986, a filósofa e escritora morreu de pneumonia em
Paris, aos 78 anos de idade. Seu corpo encontra-se sepultado no mesmo túmulo
de Jean-Paul Sartre no Cemitério de Montparnasse, na capital
francesa.
Após
a morte de De Beauvoir, a filha adotiva e herdeira literária de Sartre, Arlette
Elkaïm, não deixou que muitas das cartas de Sartre fossem publicadas sem
edições. A maioria das cartas de Sartre disponíveis atualmente são edições de
De Beauvoir, que incluem algumas omissões, mas principalmente a utilização
de pseudônimos. A filha adotiva e herdeira literária de De
Beauvoir, Sylvie Le Bon, ao contrário de Elkaïm, publicou cartas inéditas da
mãe para Sartre e Algren.
Livros
·
1943 : A
convidada (L'Invitée), romance
·
1944 : Pyrrhus
et Cinéas, ensaio
·
1945 : O
sangue dos outros (Le Sang des autres), romance
·
1945 : Les Bouches inutiles, peça de
teatro
·
1946 : Tous les hommes sont mortels,
romance
·
1947 : Pour une morale de l'ambiguïté,
ensaio
·
1948 : L'Amérique
au jour le jour
·
1949 : O segundo sexo, ensaio filosófico
·
1954 : Os mandarins (Les
Mandarins), romance
·
1955 : Privilèges,
ensaio
·
1957 : La
Longue Marche, ensaio
·
1958 : Memórias
de uma moça bem-comportada (Mémoires d'une jeune fille rangée),
autobiográfico
·
1960 : A Força da idade (La
Force de l'âge), autobiográfico
·
1963 : A
força das coisas (La Force des choses),
·
1964 : Une
mort très douce, autobiográfico
·
1966 : Les
Belles Images, romance
·
1967 : A
mulher desiludida (La Femme rompue), novela
·
1970 : A
velhice (La Vieillesse), ensaio
·
1972 : Tudo
dito e feito (Tout compte fait), autobiográfico
·
1979 : Quand
prime le spirituel, romance
·
1981 : A cerimônia do adeus (La
Cérémonie des adieux suivi de Entretiens avec Jean-Paul Sartre : août -
septembre 1974), biografia
·
1992 : Malentendu
à Moscou (Mal-Entendido em Moscou)
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