sexta-feira, 12 de maio de 2017

O rival francês de Sherlock Holmes, Arsène Lupin, "O ladrão de casaca"

Arsène Lupin, Ladrão de Casaca é uma coletânea de nove histórias do escritor francês Maurice Leblanc que constituem as primeiras aventuras de Arsène Lupin. Surgiu em 1907 com o título francês Arsène Lupin, gentleman-cambrioleur — literalmente, Arsène Lupin, ladrão-cavalheiro — por encomenda para a revista francesa Je sais tout: Pierre Lafitte, o editor da revista, encomendou a Maurice Leblanc uma novela policial, cujo herói fosse para a França o que eram para a Inglaterra Sherlock Holmes (de Sir Arthur Conan Doyle) e A. J. Raffles ao mesmo tempo.
Nasceu assim Arsène Lupin, personagem vivo, audacioso, impertinente, desafiando sem cessar o Inspetor Ganimard, arrastando corações atrás de si, zombando das posições conquistadas e ridicularizando os burgueses, socorrendo os fracos, Arsène Lupin é um Robin Hood da Belle Époque.
Como não poderia deixar de ser, Lupin se defronta diversas vezes com o maior detetive de todos os tempos, seu rival "Herlock Sholmes" (nome de Sherlock Holmes na obra de Leblanc; nas primeiras edições não havia tal modificação, mas teve de ser feita após protestos de Conan Doyle), e cria várias situações embaraçosas para o grande detetive de Doyle. Lupin tinha uma característica peculiar: avisava sempre a vítima antes do roubo. Mas, independentemente dos esforços da polícia, Lupin sempre "adquiria" o que queria.
Nas palavras de Pierre Lazareff, "Um Robin Hood bem francês: não se leva muito a sério; sua arma mais mortífera é o engenho; não é um aristocrata que vive como anarquista, mas um anarquista que vive como aristocrata."
Sobre o criador de Arsène Lupin, Maurice Leblanc
Maurice Leblanc (Rouen, 11 de novembro de 1864  Perpignan, 6 de novembro de 1941) foi um escritor francês.
Filho de um constructor naval. Estudou Direito e trabalhou certo tempo na empresa familiar. Mais tarde se fez conhecer em Paris com novelas analíticas, que conquistaram a estima e a proteção de Guy de Maupassant. Leblanc alcançou a fama por sua personagem Arsène Lupin, que apareceu pela primeira vez numa publicaçao mensal chamada "Je sais tout"(eu sei de tudo) entre 1905 e 1907, com o título Arsène Lupin, gentleman-cambrioleur. Desde então, se dedicou quase exclusivamente às aventuras do seu herói, em várías novelas e recompilações de histórias.
Em 1870 seu pai o manda para a Escócia, fugindo da guerra. Regressa no ano seguinte, passando a estudar no pensionato Patry e no Liceu Corneille, onde foi excelente aluno. Mais tarde esse fato o afligirá: "Ganhava todos os prêmios", dizia, "e declaro, com um romantismo consciente, que isso era deplorável."
Em Croisset, para onde viajava freqüentemente, ouvirá histórias maravilhosas de Gustave Flaubert. Dois escritores normandos, como ele, irão influenciar de forma decisiva em sua juventude e em sua obra: Gustave de Flaubert e Guy de Maupassant.
Entretanto, é como industrial que Maurice Leblanc inicia sua vida, na fábrica de cardas Mirourde-Pichard. As cardas... Ignorará sempre como se fabricam. Instala-se no lavatório da fábrica e lá escreve, escreve... "A fábrica, com seu barulho, se desvanecia. Evolava-se a turma dos operários, como fantasmas inúteis. Eu estava feliz, escrevia."
Leblanc vai à inauguração do medalhão de Flaubert, no Square Solferino. Estão lá Edmond de Goncourt, Émile Zola, Guy de Maupassant e Mirabeau. Junta-se a eles o jovem Leblanc, almoça com eles e toma o trem com os que regressam a Paris.
Os mestres consagrados ouvem o jovem desconhecido, que lhes fala do Flaubert que conheceu, da mulher que inspirou a personagem de Madame Bovary.
De volta a Rouen confessa ao pai a falta de vocação para construir cardas e a vontade de ir para Paris.
Vai, no início, para estudar Direito, mas com sua desenvoltura para escrever se tornara um jornalista "muito parisiense".
Suas crônicas saem no Gil Blas, no Figaro, no Comœdia... Publica a coleção de novelas "Des couples" e alguns romances, que mesmo comparados a Flaubert não têm muito sucesso.
Pierre Laffitte, o grande editor que acabara de lançar a revista "Je Sais Tout", pede-lhe que escreva uma novela policial, cujo herói fosse o equivalente na França ao que representavam juntos Sherlock Holmes e Raffles na Inglaterra. Foi assim que, por encomenda, nasceu Arsène Lupin.
Não se chama Arsène Lupin ainda, mas logo Leblanc o rebatiza.
A personagem se impõe rapidamente. É diferente de Sherlock Holmes e de Raffles. Cada mês Arsène Lupin vive aventuras que nada devem às deduções feitas sobre pontas de cigarro ou marcas de passos, embora seu mistério venha de atmosferas criminais pesadas. Ao contrário, tudo na vida de Lupin é alegre, otimista e claro. Sabe-se logo que, se houve um roubo ou desaparecimento, o culpado é Arsène Lupin.
Maurice Leblanc morreu de uma congestão pulmonar.

Obras da série Arsène Lupin

Maurice Leblanc escreveu também outras obras, mas foi com a série Arsène Lupin que se celebrizou. No Brasil grande parte da série foi editada pela Casa Editora Vecchi nos anos 50 e uma parte menor reeditada nos anos 70 pela Nova Fronteira. Os anos abaixo são das edições originais francesas.
1.     Arsène Lupin gentleman cambrioleur (Arsène Lupin, Ladrão de Casaca - 1907), coletânea de 9 contos
2.     Arsène Lupin contre Herlock Sholmès (Arsène Lupin contra Herlock Sholmes - 1908), coletânea compreendendo dois episódios: "A Dama Loura" e "A Lâmpada Judaica"
3.     L'Aiguille creuse (A Agulha Oca - 1909), romance
4.     813 (1910) — romance editado pela Vecchi nos anos 50 em dois volumes: 813 e Os Três Crimes de Arsène Lupin, reeditado em 1976 pela Nova Fronteira como 813
5.     Le Bouchon de cristal (A Rolha de Cristal - 1912), romance
6.     Les Confidences d'Arsène Lupin (As Confidências de Arsène Lupin - 1913), coletânea de 9 contos
7.     L'Éclat d'obus (O Estilhaço de Obus na edição Vecchi; O Estilhaço de Granada na edição Nova Fronteira - 1915), romance
8.     Le Triangle d'or (publicado pela Vecchi em dois volumes: O Triângulo de Ouro e A Câmara da Morte - 1917), romance
9.     L'Île aux trente cercueils (publicado pela Vecchi em dois volumes: A Ilha dos Trinta Ataúdes e O Flagelo de Deus - 1919), romance
10. Les Dents du tigre (publicado pela Vecchi em dois volumes: Os Dentes do Tigre e O Segredo de Florence - 1920), romance
11. Les Huit Coups de l'horloge (As Oito Pancadas do Relógio - 1923), coletânea de 8 contos
12. La Comtesse de Cagliostro (A Condessa de Cagliostro - 1924), romance
13. La Demoiselle aux yeux verts (A Moça dos Olhos Verdes - 1927), romance
14. The Overcoat of Arsène Lupin, conto publicado em 1926 em The Popular Magazine, cuja maior parte retoma a trama de La Dent d'Hercule Petitgris, publicado em francês em 1924, mas introduzindo a personagem Arsène Lupin.
15. L'Homme à la peau de bique (1927), conto isolado
16. L'Agence Barnett et Cie (A Agência Barnett & Cia. - 1928), coletânea de 8 contos
17. La Demeure mystérieuse (A mansão misteriosa - 1928), romance
18. La Barre-y-va (O Mistério do Rio do Ouro - 1930), romance
19. Le Cabochon d'émeraude (1930), conto isolado
20. La Femme aux deux sourires (A Mulher de Dois Sorrisos - 1932), romance
21. Victor, de la Brigade mondaine (Arsène Lupin, na Pele da Polícia - 1934), romance
22. La Cagliostro se venge (A Vingança da Cagliostro - 1935), romance
23. Les Milliards d'Arsène Lupin (1939), romance póstumo com a colaboração de sua filha Marie-Louise.
24. Le Dernier Amour d'Arsène Lupin (2012), romance póstumo datilografado, permaneceu em estado de rascunho, editado em 2012 pela Balland
Além destes volumes, a Vecchi publicou na série Arsène Lupin A Rival de Arsène Lupin que na verdade é uma história paralela que não inclui o personagem Arsène Lupin. O nome original do livro é: Dorothée, danseuse de corde.
A Nova Fronteira publicou na Coleção Arsène Lupin como sendo de Maurice Leblanc: O Segredo de Eunerville e O Paiol de Pólvora, que na verdade foram escritos pela dupla Pierre Boileau e Thomas Narcejac.
Todos os livros da série estão disponíveis na Estante Virtual, basta clicar no link abaixo.

https://www.estantevirtual.com.br/busca?utf8=%E2%9C%93&type=q&new=&q=arsene+lupin

 Vale a pena, li todos os volumes na década de 60, e as histórias refletem bem a Paris da Belle Epoque, e a sutileza e elegância de um “Escroc francês”. 


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